O médico que atendeu o menino João Gabriel Sousa da Silva, de 3 anos, foi indiciado por homicídio culposo (quando não há intenção de matar) pela investigação da morte da criança. João Gabriel morreu após ser liberado duas vezes do hospital municipal de Itatira, no interior do Ceará, no dia 18 de abril deste ano.
O indiciamento do médico foi protocolado nesta sexta-feira (10), conforme informado pelo advogado da família do garoto, Igor Furtado.
A defesa do médico, representado pelo advogado Edmilson Barros, informou que só se manifestará sobre questões técnicas nos fóruns técnicos.
O laudo cadavérico de João Gabriel apontou que a morte da criança foi causada por um choque séptico ocasionado por complicações de pneumonia aguda bilateral. A família soube do resultado por meio de uma entrevista que o delegado do caso deu a uma rádio da cidade.
O irmão do menino, o influenciador digital Paulo Henrique, narrou a saga da família em busca de atendimento para o garoto.
Em uma série de stories, ele mostrou desde os primeiros atendimentos até o anúncio da morte do menino. O jovem mantém a denúncia de que houve negligência. O médico que atendeu a criança foi afastado e prestou depoimento à Polícia Civil no dia 25 de abril.
“Óbito em consequência de complicações de pneumonia aguda bilateral devida a Streptococcus pneumoniae. Outros diagnósticos: edema cerebral e necrose tubular aguda”, diz um trecho do laudo cadavérico emitido pelo Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
Ainda de acordo com o documento, o exame detectou a bactéria Streptococcus pneumoniae, que está entre as principais causas da pneumonia e meningite, porém, há ausência de achados morfológicos compatíveis com meningite aguda.
“O crescimento de Streptococcus pneumoniae no exame de cultura de fragmento do pulmão, em fragmento do cérebro e o liquor e a sua detecção por PCR (reação em cadeia de polimerase) no liquor, no sangue e no fragmento de pulmão evidencia septecemia por este agente etiológico. Ausência de achados morfológicos macroscópicos e microscópicos compatíveis com meningite aguda”.
Saga por atendimento
O influenciador digital irmão do menino descreveu a luta da família em busca de atendimento para o pequeno no Hospital Municipal, no Bairro Lagoa do Mato. Conforme o jovem, o irmão começou a passar mal no dia 17 de abril, com febre e dor na garganta.
“Meu irmão estava com 39 graus de febre, levamos para o hospital no domingo. O médico atendeu, passou uma injeção, ele tomou a injeção e passou uns remédios para a minha mãe comprar e ela comprou. Ele tomou a injeção e nada da febre dele baixar, aí nós levamos para o enfermeiro. O enfermeiro deu um remédio que baixou a febre, ele melhorou mais e nós viemos para casa”, afirmou o irmão da vítima.
Na madrugada de segunda-feira (18), a criança teve uma piora em casa e foi levada novamente para a unidade.
“Quando foi 1h da manhã meu irmão começou a gemer, falando de uma dor na barriga, a febre ficando muito alta de novo e nós levamos para o hospital novamente. Chegando lá, o vigia foi chamar o médico, o médico demorou mais de 30 minutos para descer. Ele passou mais duas injeções para o meu irmão, sendo que ele já tinha tomado uma, e a febre dele não baixou, estava em 38,1 graus e o médico mandou a gente vir para casa”, disse Paulo Henrique.
Conforme o irmão, a família retornou para casa com João Gabriel, que adormeceu. No mesmo dia, horas depois, o menino acordou pior.
“Quando ele chamou minha mãe ele já estava bem roxinho. Aí minha mãe deu entrada no hospital novamente com ele. Chegou lá o médico botou ele no soro. Quando foi 12h meu irmão começou a passar mal, tentaram reanimar, mas ele morreu”, relata o influenciador.
De acordo com o irmão, a família pediu para transferirem a criança para um hospital de Canindé, porém o menino morreu antes de ser transferido.
Fonte: G1