O Jornal Nacional, da TV Globo, realiza esta semana série de entrevistas com os candidatos à Presidência da República. Ciro Gomes (PDT), de 64 anos, foi o segundo entrevistado, na noite desta terça-feira (23). Ele chegou aos estúdios da emissora ao lado da esposa, a produtora cultural Giselle Bezerra.
Na entrevista aos jornalistas William Bonner e Renata Vasconcellos, o candidato, natural de Pindamonhangaba (SP), defendeu que sua principal tarefa, se eleito, será “reconciliar o Brasil”, em que “metade da população passa fome”. E disse que buscará “celebrar uma nova cumplicidade com o povo brasileiro”. “Quem quer que o povo brasileiro eleja eu vou negociar”, frisou.
Ciro destacou, entre as propostas, plano de garantia de renda mínima de R$ 1.000 em caráter permanente às famílias de baixa renda. E frisou que os recursos para a medida viriam de uma taxação de grandes fortunas.
“Eu tenho um programa de renda mínima com status constitucional que vai entrar como uma ferramenta da Previdência Social. Para que eu viabilize isso, eu tenho que confrontar aqueles que mandaram no Brasil durante esses anos”, argumentou o candidato.
CRÍTICA A ADVERSÁRIOS
Referindo-se a Jair Bolsonaro como “senhor presidente”, Ciro Gomes criticou o governo, chamando o comportamento do adversário de genocida durante a pandemia de Covid-19.
Ele ainda acusou Bolsonaro de ir contra a ciência, com um “adiamento das vacinas com política barata”, e elogiou João Doria, então governador de São Paulo, pelo início da vacinação.
“É grande a massa de brasileiros que estão votando no Lula porque querem se livrar do Bolsonaro. Uma grande massa está frustrada pela enganação do Bolsonaro, mas não quer votar no PT. O Brasil tem saída”, disse, frisando que buscará, em possível governo, “projetar o Brasil para os próximos 30 anos”.
Ciro chegou a mostrar seu livro, “Projeto Nacional: o dever da esperança”, onde defende ideias para que o Brasil possa atingir, em 30 anos, níveis sociais e de desenvolvimento semelhantes ao de países como a Espanha.
GOVERNO DE REFORMAS
O candidato ainda criticou duramente a política brasileira de “presidencialismo de coalização” e disse que fará um governo de reformas, olhando muito mais “para a Europa e para os estados do que a Venezuela”.
Conforme Ciro, a solução seria o uso de plebiscitos quando houver impasse de decisões, com apoio inclusivo de governadores e prefeitos. “Pretendo fazer com que a eleição seja um plebiscito programático”.
Os pontos-chave de um eventual governo Ciro Gomes, conforme o candidato, serão: discutir ideias, propostas ainda no começo do governo, e ampliar a negociação com governadores e prefeitos, “estabelecendo pactos”.
CEARÁ
Na entrevista, Ciro Gomes citou seu tempo como governador do Ceará e se definiu como “o mais popular governante do Brasil”.
Ele ainda voltou a citar o Estado quando falou sobre clima e prevenção de enchentes, pontuando que, em Fortaleza, não há mais ocorrências do tipo pois “já mapeamos as áreas de risco de enchente”.
O pedetista também citou a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece), pontuando a atuação da estatal em municípios cearenses.
SEGURANÇA PÚBLICA
Sobre a questão da segurança pública,último tema abordado na entrevista, Ciro prometeu que, caso seja eleito, vai federalizar a investigação de organizações criminosas, milícias, do narcotráfico e dos chamados “crimes de colarinho branco”.
“A federalização é de algumas figuras penais. Facções criminosas e milícias não serão enfrentados localmente. […] Passam a ser integralmente federais, a partir da investigação até a prisão”, disse o pedetista.
Ele ainda defendeu a federalização citando policiais militares: “Um policial é trabalhador cuja família mora na periferia, e se ele não acertar algum pacto [com facções ou milícias] é muito improvável que ele consiga sobreviver”.
”LEI ANTIGANÂNCIA”
Nas considerações finais, o candidato à Presidência destacou que irá propor uma “Lei Antiganância”, que permitiria a quitação de valor devido com o pagamento de duas vezes o valor nominal da dívida.
“Eu quero colocar uma lei em vigor no Brasil que eu vi na Inglaterra. Todo mundo do crédito pessoal, do cartão de crédito, cheque especial. Ao pagar duas vezes a dívida, a dívida que tem fica quitada. Essa é uma polêmica. Estou apresentando em primeira mão”, disse.
Fonte: Diário do Nordeste