Onze policiais militares são investigados pela Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD) por suspeita de omissão, negligência, conivência, prevaricação ou outra conduta no assassinato de um jovem de 19 anos dentro de uma delegacia em Camocim, no interior do Ceará.
O crime aconteceu em fevereiro deste ano. Na ocasião, Matheus Silva Cruz e o policial militar George Tarick de Vasconcelos Ferreira foram levados para a delegacia após uma discussão em uma festa. À época, o policial alegou em depoimento que assassinou o jovem “em um momento de fúria, levado por violenta emoção”.
O agente está preso desde fevereiro. Três dias após o crime ele foi afastado das funções, conforme determinação da CGD e também foi indiciado por homicídio qualificado. Em agosto, o advogado do policial deu entrada em um pedido de liberdade, alegando excesso do prazo do processo, o que foi negado pela Justiça.
Em 6 de setembro, a Controladoria publicou no Diário Oficial do Estado (DOE) uma Sindicância Administrativa que acrescenta o nome de três agentes, além dos oito que já constavam, chegando a 11 policiais investigados.
São investigados:
- um tenente;
- dois subtenentes;
- um sargento;
- um cabo e;
- seis soldados.
Segundo a portaria da CGD, consta nos autos do Inquérito Policial Militar que, após sair da boate, outro jovem, que estava na companhia de Mateus, foi agredido fisicamente por um tenente e um soldado da PM e teve uma arma apontada para o rosto.
Matheus conseguiu sair do local, mas foi alcançado e detido na Praça do Coreto por três policiais que estavam de folga e o colocaram em um veículo da PM junto ao amigo. Câmeras de segurança de pontos comerciais registraram o momento em que Matheus Silva Cruz foi perseguido por policiais, dentre eles, o que o matou.
De acordo o documento, Matheus apresentava lesões no rosto, inclusive, faltando um pedaço da orelha. A vítima teria informado ao amigo que um dos agentes aplicara uma mordida na orelha direita, lesão que, entre outras, está descrita no Auto de Exame de Corpo de Delito.
Enquanto aguardava para ser ouvido na delegacia, Matheus foi morto a tiros pelo policial militar George Tarick, que havia discutido com ele durante a festa.
Ainda conforme a CGD, a inclusão para a investigação dos outros três agentes ocorre devido “a necessidade de melhor adequação típica das condutas citadas aos tipos legais da lei substantiva e a necessidade de inclusão no rol de sindicados dos militares responsáveis pela detenção de Matheus”.
Fonte: G1