O estudante Nícolas Gabriel Santana Silva, de 17 anos foi aprovado no curso de ciências da computação no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE). Aos seis anos de idade ele recebeu o diagnóstico de autismo, condição que lhe impôs alguns desafios durante o ciclo escolar.
A escolha pelo curso de ciências da computação é uma maneira de dar continuidade ao estudo de uma área que é de interesse do aluno desde a infância: a tecnologia. O jovem concluiu a educação básica na Escola Estadual de Educação Profissional (EEEP) Salaberga Torquato Gomes de Matos, em Maranguape.
“Eu escolhi o curso de ciências da computação por causa do curso técnico de informática, o qual eu já tinha gostado muito e quero complementar meus conhecimentos”, afirma o estudante.
Nícolas é acompanhado de perto pela mãe, a dona de casa Marinalva Silva, que insistiu em manter o filho na escola mesmo quando faltava incentivo.
“Quando alguém dizia que eu deveria tirá-lo da escola, ele falava que iria estudar muito para mostrar a todos que o autista era capaz. Eu sempre falava a ele que a escola era o lugar dos bons, e que ele era o melhor de todos. Assim, até hoje, sempre que tem dificuldade, ele diz para si mesmo que é capaz”, afirma.
O esforço do jovem em permanecer estudando mesmo quando sofria alguma crise impressionava tanto os familiares como as professoras da escola onde estudava em Maranguape. A mãe chegava a emprestar o próprio celular para que ele estudasse e fizesse as pesquisas.
“Ele estava sempre na escola se esforçando, mesmo quando tinha alguma crise durante as aulas, ele saía para falar com a coordenadora e depois voltava e insistia em permanecer na escola. Mesmo nos finais de semana ele não parava de estudar”, revela a mãe.
De acordo com a mãe do estudante, os primeiros dias de aula já foram suficientes para deixar Nícolas encantado com o que começou a aprender com os professores em sala de aula. O jovem afirma que deseja contribuir para a expansão da tecnologia por meio dos estudos.
“Eu quero expandir meus conhecimentos na área da computação, passando pela robótica, construindo computadores, aparelhos eletrônicos, automóveis, enfim, quero fazer a área da ciência da computação expandir ainda mais”, afirma.
Sobre a graduação, além de conseguir dar conta das disciplinas, aproveitando ao máximo o aprendizado, o rapaz pretende logo conseguir uma vaga de estágio para ajudar nas despesas estudantis que vai ter ao longo do curso.
“Eu espero me adequar e aprender todas as matérias, que são cerca de cinco, e também até o meio do ano conseguir um estágio na área para ter uma renda que vai ajudar inclusive no meu deslocamento de ida e volta até o IFCE, já que são quase R$ 10 por dia só para ir e voltar de lá”, diz Nícolas
A diretora da escola onde o jovem estudava, Janaína Belo, também comemora a aprovação de Nícolas.
“Isso é a prova de que o olhar especial para a educação inclusiva, que promova a equidade, vale muito a pena. A disponibilidade e a disposição da mãe foram fundamentais para que todo o processo fluísse. Ela foi uma grande parceira da escola, sempre chegava junto, ajudando para que pudéssemos vencer juntos os desafios, entendendo que poderia auxiliar todos da escola a compreenderem a condição do filho dela”, detalha a gestora.