O Governo do Ceará informou que vai enviar 32 policiais militares e 10 carros da polícia ao Rio Grande do Norte para reforçar a segurança no estado, que passa por uma série de ataques a pelo menos quatro dias.
O embarque da tropa, segundo a Polícia Militar, aconteceu às 6h desta sexta-feira (17) com destino a Mossoró.
Desde a terça-feira (14), mais de 20 cidades, incluindo a capital, Natal, registram ataques a tiros e incêndios contra prédios públicos, comércios e veículos públicos e privados, que, segundo as autoridades locais, são realizados por uma facção que atua nos presídios.
Investigação
O Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN) apura as motivações dos ataques em um inquérito sigiloso. Até o momento, segundo o MPRN, a causa apontada é a insatisfação dos detentos com a ausência de “regalias”, inclusive visitas íntimas — que não estão previstas na Lei de Execuções Penais. As visitas íntimas estão suspensas desde o massacre de Alcaçuz, em 2017.
Mensagens que circularam nas redes sociais e são atribuídas ao Sindicato do Crime –a facção dominante no estado– mencionam uma suposta união com o Primeiro Comando da Capital (PCC) para atacar prédios públicos, em represália às condições nas unidades prisionais.
Autoridades do Ministério da Justiça e do governo do Rio Grande do Norte apontam uma trégua entre as duas facções nos ataques no estado.
Na quarta (15), familiares de detentos fecharam faixas da BR-101, em Natal, em protesto contra o tratamento dado aos presos, como falta de alimentação adequada e fim do banho de sol.
“Não é comum que as facções se unam em prol de mudanças no sistema. É inédito pensar nisso cinco anos depois do que aconteceu em Alcaçuz e da jura de morte que o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o Sindicato do Crime teceram”, diz a antropóloga Juliana Melo, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).
Em 2017, essas duas facções se enfrentaram em uma batalha campal que deixou 27 mortos dentro do Presídio Estadual de Alcaçuz. Segundo Melo, a partir de 2012 é formada a atual facção dominante, o Sindicato do Crime, que conviveu de forma mais ou menos pacífica com o PCC até 2016. Com o massacre de Alcaçuz, em janeiro do ano seguinte, houve o rompimento total entre as organizações criminosas.
Por: G1