O dólar opera em queda nesta quinta-feira (13). Depois dos resultados positivos de inflação ao consumidor no Brasil e nos Estados Unidos, investidores esperam números de preços ao produtor americano e avaliam a ata do Federal Reserve, divulgada ontem.
Às 14h16, a moeda norte-americana caía 0,62%, cotada a R$ 4,9113. Na mínima do dia, foi a R$ 4,8948.
Na véspera, o dólar teve queda de 1,29%, cotada a R$ 4,9421, ficando abaixo de R$ 5 pela primeira vez desde 9 de junho de 2022. Com o resultado, a moeda norte-americana passou a acumular perdas de 2,51% no mês e de 6,36% no ano.
O que está mexendo com os mercados?
O dólar passou por dois dias de queda relevante, conforme aumentaram as perspectivas de queda das taxas de juros aqui e nos Estados Unidos, o que anima investidores a deixar investimentos seguros e partir para ativos de risco. É uma situação que favorece investimentos em países emergentes, como o Brasil.
As divulgações dos índices de inflação do Brasil e dos Estados Unidos foram duas boas notícias para os agentes do mercado financeiro, que se preocupam com desaceleração da economia global. Ambos os dados indicam que a subida dos juros está fazendo efeito nos preços, e que poderão ser reduzidos em um prazo mais curto.
Agora, investidores avaliam a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), dos dias 21 e 22 de março. Na ocasião, os juros americanos foram elevados em 0,25 ponto percentual.
O documento mostra que parte das autoridades do Fed consideraram interromper os aumentos da taxa de juros, até que ficasse claro que a falência de dois bancos regionais não causaria maior estresse no sistema bancário. Além disso, afirma que é esperada uma “leve recessão” para os EUA no fim do ano.
Segundo relatório da Infinity Asset, membros do comitê deixaram claro que tem na crise bancária a “esperança” de redução natural das linhas de crédito, um “credit crunch”, e que isso em si se tornaria um aperto monetário indireto no sistema.
“Ainda assim, é necessário aguardar tais efeitos e principalmente, o mercado de trabalho para garantir que tal cenário recessivo se concretize e o Fed possa voltar a cortar juros em breve, o que para os otimistas seria no fim deste ano e para os realistas, em algum momento no primeiro trimestre de 2024”, diz o texto.
Ainda nos EUA, o índice de preços ao produtor (PPI, na sigla em inglês) dos EUA registrou forte desaceleração em março, segundo mostram dados divulgados nesta quinta-feira (13) pelo Departamento do Trabalho. O indicador teve queda de 0,5% em relação a fevereiro, em leitura bem mais fraca em relação à estabilidade prevista por analistas consultados pelo “The Wall Street Journal”.
No período de 12 meses encerrados em março passado, o PPI teve alta de 2,7%, enquanto seu núcleo subiu 3,6%. Ambos desaceleraram em ritmo significativo, após registrarem altas de 4,9% e 4,5%, respectivamente, em fevereiro.
O Departamento do Trabalho revisou a leitura de fevereiro do PPI. Agora, a entidade registra estabilidade do indicador em relação a janeiro, de queda de 0,1% na divulgação inicial. Já a base anual passou de avanço de 4,6% para ganho de 4,5%.
Já o núcleo do PPI em fevereiro passou de alta mensal de 0,3% para 0,2%, e no período de 12 meses mostra agora aumento de 4,5%, ao invés dos 4,4% registrados anteriormente.
O destaque de agenda interna é a viagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à China. A comitiva iniciou a visita oficial à China em Xangai, onde acompanhou a posse da ex-presidente Dilma Rousseff como presidente do banco dos Brics.
Lula discursou no evento de posse e disse que o Banco dos Brics se mostra importante por ser uma instituição de alcance global sem a presença de países desenvolvidos e citou o FMI.
“Nenhum governante pode trabalhar com a faca na garganta porque está devendo. […] Não cabe a um banco ficar asfixiando as economias dos países, como estão fazendo com Argentina, o Fundo Monetário Internacional. E como fizeram com o Brasil e com todos os países do terceiro mundo que precisaram de dinheiro”, disse.
Além disso, o presidente defendeu o uso de uma moeda alternativa ao dólar no comércio internacional entre os países do Brics. “Porque que um banco como o Brics não pode ter uma moeda que pode financiar a relação comercial entre Brasil e China, entre Brasil e outros países do Brics?”
“É difícil porque tem gente mal-acostumada porque todo mundo depende de uma única moeda. Eu acho que o século 21 pode mexer com a nossa cabeça e pode nos ajudar, quem sabe, a fazer as coisas diferentes.”
Por: g1