O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou na manhã desta quinta-feira (15), atos bilaterais com o presidente do Egito, Abdel Fattah Al-Sisi, para fortalecer as relações comerciais entre os países. O Egito é, atualmente, o segundo maior parceiro do Brasil na África. A cerimônia ocorre na capital egípcia, Cairo.
Em seu discurso, Lula lembrou que foi o primeiro presidente da história do Brasil a visitar o Egito. “Hoje minha visita tem como objetivo aproximar o Brasil dos países da África e do Oriente Médio. As relações com o Egito ocupam um papel singular nessa trajetória”, ressaltou.
Segundo o presidente, as reuniões com Abdel Fattah Al-Sisi foram muito efetivas neste sentido e, além de ampliar a cooperação comercial, também foram celebradas parcerias para fortalecer setores, como a agricultura, aéreo, defesa, economia, ciência e tecnologia, e iniciativas para democratizar o acesso à educação e cultura.
“Nós somos dois grandes países em crescimento que apostam na promoção do desenvolvimento econômico e social como pilares para a paz e segurança, combatemos todas as manifestações de racismos, xenofobia e anticeticismo. O nosso fluxo na balança comercial de R$ 2,8 bilhões de dólares é muito pequeno para o tamanho das nossas economias e necessidades. Queremos uma relação comercial em que os dois países ganhem”, ressaltou Lula.
As relações comerciais entre o Brasil e o Egito ganharam novos contornos no último ano, com a abertura do mercado egípcio para diversos produtos brasileiros, como peixes e derivados, carne de aves, algodão, bananas e gelatina e colágeno. A expectativa agora é de que o governo egípcio aprove em breve novos abatedouros e frigoríficos no Brasil para exportação de carne bovina e a abertura de uma rota aérea entre os dois países, ligando São Paulo ao Cairo.
Abdel Fattah Al-Sisi destacou que além da parceria comercial, também será criado um comitê para discutir parcerias entre os países, em pontos de vistas semelhantes em relação a situações mundiais, como por exemplo, o cessar fogo e ajuda comunitária ao povo de Gaza.
Para Lula, esta é uma das pautas mais relevante no cenário internacional e que o Brasil está empenhado e conta com o apoio do Egito para fazer as mudanças necessários nos órgãos de governança global. “É preciso que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) tenha outros países da África e da América Latina participando. É preciso ter uma nova geopolítica da ONU, é preciso acabar com o direito de veto de alguns países e que os membros de conselhos de segurança sejam atores pacifistas e não que fomentam a guerra”, defendeu o presidente do Brasil.
Parceria comercial
Um dos maiores parceiros comerciais do Brasil na África, em 2023, o comércio bilateral entre os dois países chegou a US$ 2,8 bilhões (sendo US$ 489 milhões em produtos egípcios importados pelo Brasil e US$ 1,83 bilhão em produtos brasileiros exportados), atrás apenas da Argélia, com US$ 4,2 bilhões. O país africano também se tornou integrante do Brics em 2024 e participará do G20 a convite do governo brasileiro, que preside o bloco até dezembro.
No Brics, bloco formando pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, Lula destacou que trabalhará pela reforma da ordem global e pela construção da paz. “A consolidação do Brics como principal espaço de articulação dos países emergentes é um avanço inegável em prol de um mundo muito polar”, disse. “Atuaremos pela atuação de uma unidade de valor comum nas transações comerciais e de investimentos dos Brics como forma de contornar a dependência mundial de uma única moeda”, complementou.
Esta é a segunda viagem oficial do presidente ao continente africano em seu terceiro mandato. Ao fim da visita, a delegação brasileira embarca para Adis Abeba, capital da Etiópia, onde o presidente Lula irá participar como convidado da Cúpula de Chefes de Estado e Governo da União Africana, nos dias 16 e 17.
Fonte: Agência Gov, com informações do Planalto