Após quatro dias de buscas em Petrópolis, o Corpo de Bombeiros acredita ainda ser possível resgatar vítimas com vida da lama. Durante a madrugada desta sexta-feira (18), sirenes no Morro da Oficina, um dos locais mais devastados pela tempestade que destruiu a cidade, voltaram a tocar.
O número de mortos chegou a 120, segundo o Corpo de Bombeiros. Dos 117 corpos que estavam no Instituto Médico-Legal (IML), 77 são de mulheres e 40 de homens. Desses, 20 são menores e, ao todo, 57 corpos foram identificados. Veja quem são algumas das vítimas já reconhecidas.
O coronel Leandro Monteiro, secretário estadual de da Defesa Civil e comandante dos bombeiros, explicou que não pode avançar com máquinas pesadas, como tratores, em qualquer lugar.
“Nestes locais onde a população pede o uso de máquinas, nós não podemos entrar com máquinas agora. O Corpo de Bombeiros acredita encontrar pessoas com vida ali”, afirmou Monteiro. “Eu não posso remover o solo da maneira que eles querem.”
Monteiro detalhou o protocolo dos bombeiros. “Temos uma técnica para este tipo de desastre. Primeiro, precisamos de silêncio. É um trabalho manual, chamamos as pessoas pelo nome, depois passamos com os cães treinados para encontrarem pessoas vivas, e depois os bombeiros passam fazendo mais um chamado pelo nome.”
Nesta sexta-feira (18), o tempo permanece instável em Petrópolis. Voltou a chover forte na noite de quinta, o que fez a Defesa Civil acionar as 14 sirenes do primeiro distrito, para aviso de previsão de chuva forte na região.
Por causa do mau tempo e do terreno instável, as buscas a desaparecidos foram suspensas à noite para garantir a segurança das equipes.
A Defesa Civil do município também disparou sirenes nessas localidades:
- 24 de maio;
- Ferroviários;
- Vila Felipe — Chácara Flora 2;
- Sargento Bohning;
- São Sebastião — Adão Brand;
- São Sebastião — Vital Brasil;
- Siméria.
Novo deslizamento
Também na tarde de quinta, um novo deslizamento fez com que as autoridades retirasse as pessoas do bairro 24 de Maio. Uma moradora contou que uma barreira passou a um palmo da casa dela.
Segundo a Polícia Civil, foram feitos 116 registros de desaparecimentos, mas não se sabe quantos desses já foram encontrados.
A Delegacia de descoberta de paradeiros (DDPA) mandou quase todo seu efetivo para Petrópolis.
Quatro equipes passaram o dia fazendo uma varredura em hospitais, abrigos e escolas para identificar as pessoas desaparecidas.
“As pessoas que perderam entes queridos não têm condição de ir a uma delegado fazer registro de desaparecimento. Então, montamos esse mutirão, indo nos locais, para pegar nomes, dados, roupas que essas pessoas estavam usando na hora, tudo pra facilitar essas identificações”, explicou a delegada Ellen Souto.
Resgates
Segundo a Secretaria Estadual de Defesa Civil,24 pessoas foram resgatadas com vida e 705 pessoas foram encaminhadas para os 33 pontos de apoio montados na cidade em igrejas e escolas da rede pública municipal.
Entre os sobreviventes, os rodoviários que trabalhavam nos dois ônibus que foram arrastados para dentro do rio Quitandinha conseguiram sair dos veículos com vida.
A informação foi divulgada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Rodoviário de Petrópolis (Setranspetro) nesta quinta-feira (17).
Segundo o Centro Nacional de Monitoramento e Alerta, permanece muito alta a possibilidade de ocorrência de eventos de movimentos de massa na Região Serrana do Rio, especialmente em Petrópolis.
Ainda de acordo com o Cemaden, estes fatores indicam um elevado nível de umidade do solo que pode favorecer a ocorrência de deslizamentos de terra mesmo na ausência de chuva.
Na manhã desta quinta, foram publicadas duas medidas no Diário Oficial do Rio de Janeiro para ajudar o município. O pagamento do IPVA e do ICMS foram prorrogados para o segundo semestre e a Alerj vai repassar R$ 30 milhões para a prefeitura de Petrópolis.
O governador Cláudio Castro (PL) esteve na cidade da Região Serrana na quarta-feira (16). Ele concedeu uma coletiva ao lado do prefeito Rubens Bomtempo e do secretário de Estado de Defesa Civil, Leandro Monteiro.
“Foi a pior chuva desde 1932. Realmente, foram 240 milímetros em coisa de duas horas. Foi uma chuva altamente extraordinária”, atualizou o governador.
Segundo Castro, o temporal em Petrópolis uniu ‘tragédia histórica’ e ‘déficit que realmente existe’.