Na passagem de janeiro para fevereiro, as vendas no comércio varejista no País aumentaram 1,0% e atingiram o maior patamar da série histórica iniciada em janeiro de 2000. É a segunda alta consecutiva, após o índice ter registrado crescimento de 2,8% em janeiro. A última vez que o varejo registrou dois meses consecutivos de alta foi em setembro de 2022 (0,5% em agosto e 0,7% em setembro). Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quinta-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O gerente de pesquisa, Cristiano Santos lembra que o feito não acontecia desde meados de 2022: “naquele momento o crescimento combinado dos dois meses foi menor, menos intenso. Outro aspecto a ser destacado é que nos últimos dois anos ou janeiro ou fevereiro vieram mais fortes, mas com posterior queda. Em 2024, houve alta tanto em janeiro quanto em fevereiro”.
Seis das oito atividades investigadas na pesquisa avançaram em fevereiro deste ano. Dentre elas, os destaques foram os setores de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (9,9%) e de Outros artigos de uso pessoal e doméstico (4,8%), que exerceram as principais influências sobre o resultado total do comércio varejista. “Houve um fator inflacionário que precisa ser levado em conta, que resultou em um crescimento de preços, mas um crescimento ainda maior em volume de receitas”, lembra Cristiano sobre o setor farmacêutico.
Já o setor de Outros Artigos de Uso Pessoal e Doméstico registrou alta de 4,8% na passagem de janeiro para fevereiro e 9,6% no indicador interanual. O pesquisador do IBGE avaliou a o resultado frente aos resultados recentes do setor. “ Foi um setor que sofreu por causa de uma crise contábil em algumas empresas grandes que estão nessa atividade, que é muito influenciada por lojas de departamentos, que tiveram lojas físicas fechadas”, destaca o pesquisador.
Por outro lado, entre janeiro e fevereiro, houve taxas negativas em dois dos oito grupos de atividades do varejo: Combustíveis e lubrificantes (-2,7%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,2%). Já a variação de -0,2% em Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo é avaliada como um movimento lateral, de estabilidade. O gerente da pesquisa explicou que foi um resultado que segue o mesmo tipo de intensidade dos últimos meses, com exceção a janeiro, quando houve crescimento de 0,8%, sendo um setor que tem variado muito pouco nos últimos 6 meses.
Cristiano acrescentou que pode ser observado um movimento contrário ao que aconteceu até outubro do ano passado, quando o setor tinha um protagonismo tanto para quedas quanto de crescimentos. A atividade deixa esse protagonismo de lado para outras atividades que começam a ter alta volatilidade, como Outros artigos de uso pessoal e doméstico.
“Observa-se uma mudança de foco de consumo nos últimos meses que passa de um cenário de orçamento mais restrito, concentrado em produtos básicos, para um momento com mais espaço para que haja consumo de outros tipos de produtos. Tal cenário tem relação com o aumento do crédito, em virtude da diminuição da taxa básica de juros, assim como crescimento da massa de rendimento real e da população ocupada”, pontua.
Cinco atividades avançam na comparação com janeiro do ano passado
Em fevereiro, as vendas no varejo avançaram 8,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Esse crescimento foi disseminado por cinco dos oito setores do varejo restrito: Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (18,5%), Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (10,5%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (9,6%), Outros artigos de uso pessoal e doméstico (9,6%) e Móveis e eletrodomésticos (3,7%).
Já os setores de Livros, jornais, revistas e papelaria (-6,0%), Tecidos, vestuário e calçados (-0,5%) e Combustíveis e lubrificantes (-0,2%) foram os únicos a registrar taxas no campo negativo nessa comparação. No varejo ampliado, as três atividades adicionais registraram alta: Veículos e motos, partes e peças (16,6%), Material de construção (5,0%) e Atacado especializado em produtos alimentícios, bebidas e fumo (10,1%).