O Ceará se destacou como pioneiro no Brasil ao implementar a distribuição de um novo medicamento para pacientes com fibrose cística, após sua inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS). A terapia tripla é direcionada a pacientes com mais de 6 anos que possuem pelo menos uma mutação F508del no gene CFTR.
Para receber o medicamento, os pacientes devem estar associados a um centro de referência, sendo os Hospitais Albert Sabin (Hias) e o Hospital de Messejana Dr. Carlos Alberto Studart Gomes (HM) os principais locais de tratamento no Ceará. Atualmente, aproximadamente 140 pacientes estão sendo acompanhados nessas unidades.
A fibrose cística, também conhecida como mucoviscidose, é uma condição genética rara que afeta a produção de suor e muco no corpo, resultando em secreções mais espessas que o normal. Essas secreções podem acumular-se nos pulmões, pâncreas e sistema digestivo, dificultando sua eliminação e levando a complicações graves se não tratadas precocemente.
A pneumologista Mara Figueiredo, responsável pelo ambulatório de fibrose cística do Hospital de Messejana, explica que o novo medicamento atua como um modulador da proteína CFTR, ajudando a corrigir deficiências genéticas específicas. Ela destaca: “Acompanhando os pacientes já observamos que com cinco dias eles já começam a eliminar a secreção acumulada nos pulmões e depois diminuem a tosse. É como se corrigisse o defeito genético. Os estudos mostram que a mortalidade é reduzida em quase 80%, assim como as exacerbações e internações hospitalares. Os pacientes em uso da medicação recuperam até 30% do volume expiratório forçado, avaliado no exame de espirometria, ou seja, pacientes que eram candidatos ao transplante pulmonar, estão saindo da fila. Estão melhorando a capacidade de respirar sem necessidade de oxigênio suplementar, isso é um avanço muito grande e uma vitória para quem convive com a doença”, reforça.
A fibrose cística é frequentemente diagnosticada precocemente através de testes neonatais, como o teste do pezinho, e confirmada pelo teste do suor. No entanto, muitas pessoas são diagnosticadas tardiamente, o que pode resultar em complicações adicionais ao longo da vida. O tratamento inclui o uso de enzimas digestivas, antibióticos, broncodilatadores e suporte nutricional, além de fisioterapia respiratória, atividade física e monitoramento médico regular para prevenir complicações futuras.