Fósseis de insetos da Chapada do Araripe, no Ceará, estavam sendo vendidos por até três mil e novecentos dólares – cerca de vinte e um mil e seiscentos reais, na cotação atual – em um site de vendas dos Estados Unidos. A prática é ilegal e foi identificada pelas autoridades, que já iniciaram uma investigação. Os anúncios foram removidos, e a loja informou que os fósseis foram guardados para facilitar sua repatriação.
A denúncia das vendas foi realizada em janeiro de dois mil e vinte e três por Juan Carlos Cisneros, doutor em Geociências e professor do curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí (UFPI), por meio do canal on-line do Ministério Público Federal (MPF). O caso foi então encaminhado à Procuradoria da República no Ceará.
O paleontólogo verificou que os fósseis anunciados pela loja Indiana9 Fossils & Prehistoric Fossils – estabelecida em mil novecentos e noventa e sete na cidade de Branson, no estado do Missouri – são do Período Cretáceo e foram encontrados na Chapada do Araripe.
Essa mesma região é onde foi encontrado o dinossauro ancestral das aves Ubirajara jubatus, contrabandeado para a Alemanha em mil novecentos e noventa e cinco. Cisneros, inclusive, foi um dos principais defensores do retorno desse fóssil ao Ceará, o que se concretizou em junho de dois mil e vinte e três.
Em entrevista ao Diário do Nordeste, o pesquisador afirmou que os valores dos fósseis anunciados no site americano eram “absurdos”: uma cigarra, por exemplo, estava sendo vendida por três mil e cem dólares (cerca de dezessete mil e trezentos reais), e uma libélula, por três mil e novecentos dólares (cerca de vinte e um mil e seiscentos reais). Ao todo, ele identificou mais de duzentas peças brasileiras à venda.
O problema é que, em mil novecentos e quarenta e dois – há mais de oitenta anos -, um decreto presidencial proibiu a exportação de fósseis, classificados como patrimônio nacional, para fora do Brasil. Portanto, negociar esses itens é crime, a menos que tenham sido extraídos legalmente antes de mil novecentos e quarenta e dois e possuam a documentação da época.
“Vou ter que acreditar que eles vieram fazer uma escavação em mil novecentos e quarenta e um”, ironiza Cisneros.
*Com informações do Diário do Nordeste