O Ministério da Saúde lançou na última sexta-feira (20) o fluxograma “Identificação da Demência na Atenção Primária” para profissionais de saúde, com o objetivo de auxiliar no diagnóstico precoce de demência no primeiro nível de atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS). Estima-se que cerca de 80% das pessoas com demência no Brasil não recebem diagnóstico, e o novo roteiro visa mudar esse cenário.
“A atenção primária tem um grande potencial, e aí ressalto também o papel dos agentes comunitários nesse cuidado, na identificação de sinais sutis de alterações comportamentais”, afirmou a coordenadora de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, Lígia Gualberto, durante o lançamento do documento na sede da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) em Brasília. Na ocasião, também foi apresentado o “Relatório Nacional sobre a Demência: Epidemiologia, (re)conhecimento e projeções futuras”, que traz uma análise de dados e recomendações de especialistas.
O atendimento a pessoas idosas com demência na atenção primária tem aumentado. Em 2023, foram registrados 331.963 atendimentos, quase 100 mil a mais do que em 2022, de acordo com o Sistema de Informação em Saúde para a Atenção Básica (Sisab).
O novo fluxograma propõe três etapas principais: a identificação dos sinais, o rastreio cognitivo inicial e a avaliação médica. Além disso, o documento destaca o papel da atenção primária no apoio às famílias e cuidadores de pessoas com demência.
“O diagnóstico oportuno permite o manejo terapêutico adequado e pode contribuir para diminuir a sobrecarga de familiares e cuidadores”, afirmou Paulo Caramelli, pesquisador da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que também participou do evento.