“Eu olhava pro céu e queria saber o que tinha dentro das estrelas.” A lembrança-poesia é do primeiro contato de Maria Larissa Pereira Piava, 16, com a Astronomia, ainda pequena. Hoje, ela busca as respostas no céu de Pires Ferreira, no interior do Ceará, de onde alimenta a paixão pelo Universo e o sonho de ensinar a crianças sobre ele.
Larissa estuda, hoje, na Escola Estadual de Educação Profissional Antônio Tarcísio Aragão, em Ipu, município vizinho de onde mora. Junto à série do ensino médio, cursa Administração – mas, com o perdão de todo o clichê, quer mesmo, no futuro, atingir o céu como limite.
Em junho deste ano, ela participou de uma “caça a asteroides” promovida pelo International Astronomical Search Collaboration (IASC), programa da Nasa que busca popularizar a ciência entre estudantes. Num notebook emprestado, já que não possui um, Larissa encontrou um asteroide não detectado antes.
É um trabalho bem árduo, uma análise bem complicada. Marquei mais de 10 pontos que acreditava que eram asteroides, mas só um foi às preliminares. Se ele for detectado mais vezes, vou poder dar um nome.
O processo de numeração e catalogação do asteroide pelo Minor Planet Center (em português, Centro de Planetas Menores), de Harvard, leva de três a cinco anos para ser completado – e não foi a única conquista da cearense em 2021.
Neste ano, Larissa conquistou uma medalha de prata na Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica (OBA), um feito cuja importância dobra de tamanho diante das dificuldades impostas pela pandemia de Covid aos estudos da adolescente.
“Para fazer as atividades na astronomia, usei computadores emprestados. Pra caçar os asteroides também. Mas é realmente muito difícil, fico pensando em quem não tem acesso de jeito nenhum. Essa falta de investimento é um reflexo do Brasil: a ciência está largada às traças”, lamenta.
Fonte: Diário do Nordeste