Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (1º) aponta que, faltando apenas 30 dias para a eleição deste ano, o ex-presidente Lula (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL) concentram a maior parte das intenções de voto para o primeiro turno.
Juntos, os dois têm 77% dos votos — 45% de Lula e 32% de Bolsonaro. O terceiro colocado, Ciro Gomes (PDT), aparece com 9% das intenções.
O cenário deste ano é muito diferente do de 2018, considerado atípico por cientistas políticos, mas guarda semelhanças com disputas anteriores, em que os dois candidatos na frente das pesquisas concentravam grande parte dos votos.
Ao mesmo tempo, é a primeira disputa, após a redemocratização, em que o candidato que tenta reeleição não está na dianteira das pesquisas e que tem duas pessoas que já ocuparam o Palácio do Planalto disputando a presidência.
COMPARAÇÃO DE GOVERNOS
Para cientistas políticos ouvidos pelo g1, cada disputa tem suas “especificidades”. Esta, por exemplo, tem o fato de haver dois nomes que já comandaram o país, fator que contribui para a concentração de votos nos dois candidatos — como apontam as pesquisas.
“Existem pouquíssimos casos no mundo com essa ocorrência [de duas pessoas que foram presidentes disputando], o que indica que esses dois candidatos são mais conhecidos, porque já estiveram ou estão no cargo. Isso favorece a concentração de votos neles”, afirma o cientista político e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Emerson Cervi.
Essa característica também facilita que os eleitores comparem os dois candidatos, uma vez que podem avaliar os governos anteriores.
“É uma eleição onde você está julgando, avaliando o que foi aquele governo, no caso, o que foi o governo Bolsonaro. [O governo] está sendo avaliado com tudo que implementou ou não, os problemas, as boas e as más ações”, afirma o cientista político André César, acrescentando que, neste caso, também se faz uma avaliação do que foram os governos Lula e até mesmo os governos de Dilma Rousseff (PT).
Ambos os cientistas políticos acreditam que é muito difícil que algum dos candidatos que estejam na 3ª ou 4ª posição consigam ir para o segundo turno.
“Agora em setembro é o último momento para que o 3º, 4º, 5º colocado tentem ganhar espaço e ocupar espaço na campanha, na preferência de eleitores. Se nada de acontecer de excepcional, uma pisada na bola gigantesca, dificilmente teremos uma mudança de cenário até o primeiro turno”, diz o professor da UFPR.
Desde 2002, o único ano em que o candidato que estava na segunda posição há 30 dias da disputa não foi para o 2º turno foi em 2014, quando Marina Silva, na época pelo PSB, ficou em 3º lugar, atrás de Aécio Neves (PSDB).
Fonte: G1