Caracterizado como um déficit neurológico súbito agudo, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é uma das principais causas de morte e incapacidade permanente no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira de AVC (SBAVC). No entanto, é possível preveni-lo ou tratá-lo de forma eficaz quando o atendimento é realizado em tempo hábil. Para isso, o Hospital Regional do Cariri (HRC), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), referência no atendimento a casos de AVC agudo e subagudo, conscientiza a população sobre a importância de procurar a assistência em até quatro horas do início dos primeiros sinais e sintomas.
“Observamos que a população está buscando atendimento após muitas horas de início de sintomas, o que tem impossibilitado a realização das trombólises”, afirma a assessora de qualidade do HRC, Anne Rafaela Tavares. A trombólise é um procedimento que utiliza medicamentos chamados trombolíticos para dissolver um coágulo. Diante deste fato, a equipe multiprofissional da Unidade de AVC do HRC deu início a uma série de estratégias para conscientizar a população sobre quais são os principais sinais e sintomas dessa doença e o que se deve fazer, ao identificá-los.
Uma das estratégias foi uma ação de sensibilização realizada no mês de abril com a população assistida no Centro de Referência do Idoso (CRI) de Juazeiro do Norte. Apesar de o AVC também acometer a população jovem, é na população idosa que ele é mais recorrente. Na ocasião, o coordenador médico da Unidade de AVC do HRC, Saulo Oliveira, repassou algumas orientações importantes.
“O AVC é uma doença que tem como tratar. O do tipo isquêmico, é através de uma medicação que faz desobstruir o trombo que está provocando o AVC. Só que para essa medicação funcionar de forma adequada, ela precisa ser administrada logo assim que começam os sintomas do AVC. Então ações como essa, de prevenção, de promoção de saúde e de orientação à população, têm o intuito de informar quais são os sintomas de um AVC, onde procurar assistência, para que ela busque atendimento o mais rápido possível e que possa ser utilizada a medicação, dando uma melhor condição de vida do paciente pós-AVC”, explica o coordenador.
Além das orientações com o médico, foram realizadas dinâmicas com a equipe de fisioterapia, aferição de pressão arterial e teste de glicemia com a equipe de enfermagem. Para a dona de casa Maria Luci Sampaio, 64, foi um momento de muito aprendizado. “Eu gostei da palestra e aprendi bastante coisa nova. O principal aprendizado foi que a gente que é dessa idade e tem problema, como eu que tenho diabetes, a gente tem que se cuidar”, destacou.
Sinais e sintomas do AVC
Os principais sinais e sintomas do AVC são sonolência, desorientação, boca torta, dificuldades na fala, dor de cabeça súbita e perda de força. “Então, antes a pessoa estava normal e do nada apresenta fraqueza no braço, na perna, de um lado do corpo, a boca torta, dificuldade de articular as palavras, ou até mesmo não conseguir falar. Outra alteração que é menos comum é a dificuldade visual, não conseguir enxergar direito. Ou uma pessoa que nunca teve tontura, do nada fica tonta e não consegue levantar, não consegue caminhar. São as principais manifestações do AVC”, ressalta o médico Saulo Oliveira.
HRC conta com Unidade de AVC
Ao chegar no Hospital Regional do Cariri, o paciente é atendido para identificar se está sofrendo um AVC e de qual tipo, se é isquêmico ou hemorrágico. O AVC isquêmico ocorre quando um coágulo bloqueia o sangue de chegar a uma área do cérebro. Já o AVC hemorrágico é quando ocorre um sangramento dentro ou ao redor do cérebro. Para identificar o AVC, é realizada uma tomografia.
Após o exame, se o caso for de AVC do tipo isquêmico, a pessoa é direcionada para a Unidade de AVC do HRC, um centro especializado para tratamento e reabilitação desses pacientes, onde receberão assistência 24 horas de uma equipe multiprofissional formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e assistente social.
A dona de casa Maria Lúcia de Alcântara, 68, é uma das pacientes que precisou passar pela Unidade de AVC do HRC. “Eu estava deitada em casa, assistindo televisão, e quando eu levantei já fiquei tonta e meio trêmula e virada pro lado direito, sem conseguir me apoiar, a língua sem conseguir falar”, conta. Ao notar a situação, o esposo de dona Maria Lúcia ligou para um médico amigo da família, que o orientou a levá-la imediatamente para o HRC.
Sequelas e prevenção
O AVC é uma doença que pode deixar muitas sequelas, principalmente motoras e funcionais, como dificuldades para se locomover, para falar e se alimentar, comprometendo as atividades diárias do indivíduo. “Então, essas sequelas acabam incapacitando muito as pessoas, dependendo do tamanho do AVC e se procuraram assistência rápido ou não”, completa Saulo Oliveira.
A doença pode ser prevenida se forem tratados os fatores de risco, como por exemplo hipertensão arterial, diabetes, sedentarismo, colesterol alto, obesidade e tabagismo. A mudança de hábitos é fundamental nesses casos, sendo necessário controlar a pressão arterial, tratar a diabetes, reduzir o peso e os níveis de colesterol, buscar ter uma alimentação saudável, praticar atividades físicas, não fumar, e fazer acompanhamento médico com regularidade.