O volume médio aportado nos 154 açudes cearenses monitorados pela Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) atingiu a melhor marca dos últimos dez anos para este mês. Levantamento realizado pelo Diário do Nordeste aponta que, em 23 de novembro, os reservatórios estavam com 33,1% de água acumulada, índice que só superado pelo registrado em 23 de novembro de 2012, ou seja, há uma década.
A manutenção deste bom volume acontece mesmo após o Ceará registrar uma expressiva redução nos volumes pluviométricos nos últimos 8 dias. Após um bom começo de novembro, nos quais os índices atingiram marcas nunca antes registradas em 50 anos, as chuvas declinaram. A última vez que choveu em mais de 10 cidades foi no dia 16 de novembro.
O volume acumulado nesta reta final de ano é importante quando se analisa o cenário futuro. Iniciar a quadra chuvosa (fevereiro-maio) com boa recarga nos reservatórios cearenses – sobretudo nos mais importantes, como Castanhão e Orós, os quais também estão com aporte satisfatório – abre margem para um segundo semestre do ano de maior conforto no que diz respeito ao abastecimento humano.
No início das últimas quadras, com o baixo aporte dos açudes, o período chuvoso tinha, primeiro, a missão de recuperar esses reservatórios para, depois, aportar água suficiente de modo a garantir o período de 6 meses em que as chuvas são mais reduzidas. Agora, o cenário que se avizinha é mais positivo.
- 23 de novembro de 2022 – 33,1%
- 23 de novembro de 2021 – 22,1%
- 23 de novembro de 2020 – 27,1%
- 23 de novembro de 2019 – 15,6%
- 23 de novembro de 2018 – 11,3%
- 23 de novembro de 2017 – 8,1%
- 23 de novembro de 2016 – 7,4%
- 23 de novembro de 2015 – 12,3%
- 23 de novembro de 2014 – 21,3%
- 23 de novembro de 2013 – 31,4%
- 23 de novembro de 2012 – 47,9%
Caso a próxima quadra seja dentro ou acima da média, esses reservatórios podem ganhar uma reserva hídrica ainda maior. “Se tivermos uma quadra satisfatória, ou seja, dentro ou acima da média, a expectativa é que a gente consiga atingir o índice de 50% de água acumulada nos açudes, volume este que não ocorre, ao final da quadra, desde 2013”, pontuou Francisco Teixeira, titular da Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ceará.
A Cogerh trabalha com três margens de análise: açudes abaixo de 10% são considerados de situação muito crítica; abaixo de 30% situação crítica e, reservatórios acima dos 50% são avaliados como ‘confortáveis’.
Apesar de a média dos reservatórios não ter atingido este número mágico de 50%, Teixeira considera o atual volume positivo. “Quando comparamos a anos anteriores, o índice (de 33,1%) é muito bom, visto que em anos passados já chegamos a ter novembro com apenas 6%”, completa.
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é o número de açudes que está atualmente sangrando: Caldeirões, em Saboeiro, e Germinal na cidade de Palmácia
Contudo, mesmo com os bons atuais volumes, o titular da SRH prega cautela. Ele ressalta ser primordial o uso parcimonioso da água. “Podemos ter anos com chuvas abaixo da média, de até uma década, como quase aconteceu recentemente, entre 2012 e 2018, 2019. Portanto, é preciso o uso racional da água para que tenhamos sempre alguma segurança”, conclui Teixeira.