Nascido no Crato, Gustavo revelou há cinco anos à família que se enxerga menino. Como, por lei, não há impedimento de menores de 18 anos retificarem o documento, mas sim a obrigatoriedade do aval dos pais e de uma decisão judicial favorável, foi necessário buscar o poder judiciário – que autorizou a mudança junto ao cartório após pedido da Defensoria Pública do Ceará (DPCE)
A atuação do órgão garantiu na justiça o direito dele de ter a certidão de nascimento alterada e em conformidade com o nome e gênero com os quais identifica-se.
“Para mim, isso é muito importante porque agora eu não vou mais passar por muitas coisas, como por exemplo a chamada na escola [quando se referem a ele pelo nome de nascimento, feminino]. Meus amigos e familiares sempre me apoiaram em tudo. Todos ficaram muito felizes com a minha conquista”, relata Gustavo.
Ele recebeu a nova certidão na última sexta-feira (26), em momento surpresa preparado pela família. A mãe dele, Amanda Alencar, recorda que o filho escreveu, anos atrás, um bilhete no qual revelava, nos dizeres de uma criança, não estar bem por ser identificado pelo gênero feminino e, por isso, queria mudar para se sentir melhor. Começou, então, a não usar mais roupas femininas, cortou o cabelo e assumiu a identidade.
Ela classifica como “muito importante” o garoto ter se encontrado consigo mesmo. “Nunca tive preconceito com nada e nem ninguém. Eu e o pai dele sempre apoiamos e vamos continuar apoiando. Ele hoje vive bem. Não tem mais crises de ansiedade, não passa mal nos lugares por conta do constrangimento. Já fui muito julgada por conta disso, mas sempre busquei o melhor para o meu filho”, afirma.