A percepção pública de que os termômetros têm atingido índices escaldantes no Ceará nos últimos dias é endossado pelos órgãos meteorológicos. Dados da Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), identificaram que a cidade do Barro, no Cariri, registrou a maior máxima para outubro do Brasil.
No último sábado, dia 8, os termômetros no município barrense marcaram impressionantes 41,7 graus Celsius. A sensação térmica se aproximou dos 45 graus, índice próximo aos verificados em países africanos, como Gana (43,3ºC) e Zambia (42,2ºC). Naquela data, nenhuma outra das 5.565 cidades do País marcou temperatura tão alta.
Este índice também configura-se em recorde no Estado. Nas últimas 5 décadas – marco temporal em que a Funceme foi criada e começou a monitorar os mais variados indicadores pluviométricos – essa foi a maior máxima registrada. Em 50 anos, a temperatura que mais se aproximou da registrada no último sábado (8) foi em 25 de outubro do ano passado, quando, também em Barro, o órgão anotou 41,6ºC.
Barro registrou a maior temperatura máxima para outubro dos últimos 50 anos. Este também foi o maior índice do mês em todo o País. Já última década, apenas 3 vezes os termômetros romperam a marca dos 40 graus no Ceará, todas elas na cidade barrense.
A meteorologista do Inmet, Morgana Almeida, explica que essa onda de calor sentida nas últimas semanas advém da combinação de dois fatores: a ausência de nuvens – característica presente nesta época do ano – somada à “maior disponibilidade de energia solar” neste período do ano.
O também meteorologista Agustinho Brito, da Funceme, explica que redução dessas nuvens deve-se “a diminuição da umidade na atmosfera”.
Desta forma, acrescenta o especialista, “a radiação solar chega com maior facilidade na superfície, corroborando para o aumento da temperatura do ar”. Outubro, ainda segundo Brito, é o mês do ano em que o estado do Ceará recebe o maior volume de radiação solar.
CALOR E BAIXA UMIDADE
Essa onda de calor que tem atingido o Ceará de forma quase uniforme não deve dar trégua. A previsão é de que as altas temperaturas prossigam até o fim do ano. “As temperaturas máximas tendem a ser observadas principalmente no período da tarde”, acrescenta Agustinho.
Fonte: Diário do Nordeste