Em depoimento à Polícia Federal, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que nunca determinou e nem soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Disse ainda que nem teria razão de fazer isso.
Bolsonaro foi ouvido no inquérito que investiga um suposto esquema de adulteração de cartões de vacinação que teria beneficiado o próprio ex-presidente, a filha dele, além do ex-ajudante de ordens, Mauro Cid, e familiares dele. Ele chegou à sede da PF em Brasília por volta das 13h30. Ele estava acompanhado do seu advogado criminalista, Paulo Cunha Bueno.
O que Bolsonaro disse à PF:
- Que não determinou a inserção de dados falsos da vacinação contra a Covid no ConecteSUS;
- Não sabia que dados falsos com seu nome foram inseridos no sistema;
- Não sabia do esquema que inseria dado falsos;
- Não tinha motivos para fazer isso;
- Sobre a filha, disse que ela entrou nos Estados Unidos se declarando como não vacinada e que tinha laudo médico que permitia a ela não tomar vacina;
Como há muitos personagens na operação, a Polícia Federal questionou o ex-presidente sobre cada um deles para saber a relação que tinham com Bolsonaro. Ele foi perguntado se tinha conhecimento do esquema e se partiu dele a ordem de acesso ao sistema do Ministério da Saúde, onde os dados sobre a vacinação contra a Covid-19 foram inseridos – e depois retirados.
Além disso, procuraram saber se havia alguma determinação que ligaria Bolsonaro aos fatos cometidos por essas pessoas, que foram presas. Ele reafirmou que não determinou e que não soube da inserção de dados falsos no ConecteSUS. Disse também que ele não tinha motivos para fazer isso.
Bolsonaro foi questionado sobre a questão da falsificação da carteira de vacinação da filha. Na resposta, voltou a dizer ela tinha 12 anos quando viajou aos EUA e, na ocasião, entrou se declarando como não vacinada. Disse ainda que ela tinha laudo médico que permitia a ela não tomar a vacina.
No dia 3 de maio, a PF fez buscas na casa do ex-presidente, em Brasília, na tentativa de encontrar provas de envolvimento dele no esquema. O celular dele foi apreendido.
Naquele dia, após as buscas, Bolsonaro falou à imprensa e reafirmou que não se vacinou contra a Covid e disse que não houve adulteração nos dados do cartão dele e da filha, Laura.
Entretanto, o ex-presidente se negou a depor à Polícia Federal no dia da operação sob a justificativa de que sua defesa precisava, antes, ter acesso à investigação. Por isso, foi ouvido apenas nesta terça.
Seis presos
Durante a operação do dia 3 de maio, a PF prendeu seis pessoas, entre elas o coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro durante o mandato dele como presidente da República.
Segundo as investigações, Cid fazia parte do grupo ligado a Bolsonaro que inseriu informações falsas no ConecteSUS para obter vantagens ilícitas e emitir certificados de vacinação contra a Covid-19.
Além de Bolsonaro e da filha, foram emitidos certificados de vacinação com dados falsos em nome de Cid, da esposa dele e das três filhas do casal.
De acordo com a PF, os dados de vacinação do ex-presidente foram incluídos no sistema do Ministério da Saúde em Duque de Caxias, mesma cidade onde Cid teria conseguido o cartão de vacinação da esposa.
Uma enfermeira da prefeitura de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, confirmou à Polícia Federal (PF) que emprestou a senha para o secretário municipal de Governo de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha, apagar os registros de vacinação do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Brecha também foi preso durante a operação de 3 de maio.
Ainda devem prestar depoimento na investigação o coronel Mauro Cid, na quinta-feira (17), e a esposa dele, na quarta-feira (18).
Terceiro depoimento
Este é o terceiro depoimento de Jair Bolsonaro à Polícia Federal desde março, quando o ex-presidente retornou dos Estados Unidos, para onde viajou em dezembro de 2022.
Bolsonaro já foi ouvido em inquéritos que investigam o caso das joias apreendidas pela Receita Federal e na investigação sobre os atos de 8 de janeiro, em que bolsonaristas radicais invadiram e depredaram as sedes do Executivo, Legislativo e Judiciário.
O que dizem as investigações
As investigações apontam que o grupo incluiu dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde, em dezembro de 2022. Com isso, os suspeitos conseguiram emitir certificados de vacinação para burlar restrições sanitárias, de acordo com a PF.
Por: G1