Indústrias, comércios, serviços, todos da cadeia produtiva sofreram os prejuízos das restrições impostas pela Covid-19. Contudo, apesar do fechamento presencial de bares e restaurantes e da não realização de eventos, a indústria cervejeira no Brasil apresentou crescimento de 7,7% nas vendas na comparação de 2020 com 2021.
O dado faz parte do levantamento da Euromonitor para o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja (Sindicerv). As informações dão conta ainda que o volume vendido no ano passado chegou a cerca de 14,3 bilhões de litros. Em 2020, o registrado foi de 13,31 bilhões de litros.
No Ceará, o setor de bares e restaurantes está otimista quanto à recuperação do consumo nos estabelecimentos a partir do segundo semestre deste ano.
O superintendente do Sindicerv, Luiz Nicolaewsky, explica que o consumo em casa e a implantação de tecnologias para se aproximar do consumidor são fatores que ajudaram a indústria a alcançar esse resultado positivo.
2021 foi um ano sem carnaval, sem São João e várias outras festas importantes para o segmento. A nossa percepção é que o consumo migrou para dentro de casa, além disso, algumas empresas foram bastante ágeis na utilização de tecnologia para facilitar a chegada do produto ao consumidor, com a criação de aplicativos, por exemplo”.
LUIZ NICOLAEWSKY
superintendente do Sindicerv
Comportamento no Ceará
Embora a pesquisa não distribua os dados de forma regional, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes no Ceará (Abrasel), Taiene Righetto, pontua que o ano de 2021 foi um ano difícil para o setor por causa de mais um lockdown, mas no segundo semestre foi possível ter uma melhora nos faturamentos.
O fato de não ter Carnaval por mais um ano, segundo Righetto, não deve impactar negativamente o setor, já que sem grandes festas, o público tende a frequentar bares e restaurantes.
A nossa expectativa é muito boa, claro que talvez não tanto porque ainda estamos em pandemia, precisamos nos cuidar em muitas formas e há algumas restrições, mas em geral acreditamos que o turista deve vir pra cá e aumentar nosso movimento”.
TAIENE RIGHETTO
presidente da Abrasel-CE
Assim, a expectativa do presidente da Abrasel é de que a recuperação deva acontecer a partir do segundo semestre deste ano, possibilitada pela ampla cobertura vacinal contra a Covid-19 e o arrefecimento da terceira onda. O que deve, portanto, causar um aumento nas vendas de cerveja.
Consumo mais consciente
O superintendente do Sindicerv aponta também que, mesmo com o aumento, o consumo se deu de forma mais consciente em 2021. “Quando você está num bar ou restaurante você passa um maior número de horas e, em casa, você já passa o dia inteiro, então a tendência é beber menos”.
Outro dado também apresentado pelo estudo é de que o consumo da cerveja não alcoólica aumentou. A projeção do volume por litros foi de mais de 257 milhões, que corresponde ao crescimento de 30% nas vendas em comparação com 2020 (197,8 milhões/litro).
De acordo com Nicolaewsky, o consumo ainda é pequeno, mas está crescendo e tem relação com os hábitos da nova geração que apreciam mais um estilo de vida saudável. Para ele, esse mercado abre espaço para o desenvolvimento de novos produtos, como a cerveja sem calorias e sem glúten.
Com a melhora do quadro epidemiológico e a vacinação, a expectativa para este ano é otimista, com uma projeção de que o setor repita o crescimento em um patamar similar ao que foi registrado em 2021.
“Estamos otimistas para 2022. Nós acreditamos que com a melhora da pandemia esse novo hábito de consumo doméstico deva continuar, mas somado ao retorno presencial de bares e restaurantes, barracas de praia”, conclui o superintendente do Sindicerv.