Um estudo apontado como o primeiro a analisar os efeitos de longo prazo da Covid-19 na saúde mental foi divulgado nesta segunda-feira (14) na revista científica “The Lancet”. Em linhas gerais, os pesquisadores alertam que quanto mais tempo uma pessoa ficou fora das atividades rotineiras por causa da doença, maiores as chances de ela ter tido impacto na saúde mental.
O foco dos pesquisadores foram as pessoas que não chegaram a ser propriamente hospitalizadas. Após analisar dados de pacientes de seis países, os pesquisadores concluíram que aqueles que ficaram acamados por sete dias ou mais foram os mais propensos a sofrer de depressão, angústia, ansiedade e distúrbios do sono.
No caso, para a maioria, o quadro foi persistente por até 16 meses, que englobou o período total do estudo.
Os pesquisadores ressaltam que, no geral, os sintomas de depressão e ansiedade diminuíram principalmente dois meses após a infecção para pacientes que não foram acamados. Entretanto, aqueles que precisaram se ausentar por mais tempo das atividades cotidianas foram os mais impactados.
Ao todo, foram analisados os quadros de 247 mil pessoas na Dinamarca, Estônia, Islândia, Noruega, Suécia e Reino Unido, sendo que 4% deles ) foram diagnosticadas com COVID-19 entre fevereiro de 2020 e agosto de 2021.
“Ao longo de 16 meses, os pacientes que ficaram acamados por sete dias ou mais continuaram a ter 50 a 60% mais chances de ter depressão e ansiedade em comparação com pessoas que não foram infectadas durante o período do estudo”, aponta a The Lancet.
“Nossa pesquisa está entre as primeiras a explorar os sintomas de saúde mental após a Covid-19 grave na população em geral até 16 meses após o diagnóstico. Isso sugere que os efeitos não são iguais para todos e que o tempo acamado é um fator-chave para determinar a gravidade dos impactos na saúde mental”, aponta Unnur Anna Valdimarsdóttir, da Universidade da Islândia, responsável por liderar o estudo.