A hanseníase, doença infectocontagiosa capaz de acometer os nervos periféricos, as mucosas e a pele, pode ser curada quando corretamente diagnosticada e tratada. Objetivando auxiliar a detecção precoce da patologia, o Ceará torna-se o estado brasileiro pioneiro na utilização de testes rápidos. A iniciativa fortalece o direcionamento assertivo à assistência e reduz a incidência de sequelas, deformidades e complicações irreversíveis.
A novidade reúne esforços do Governo do Estado, do Ministério da Saúde, da NHR Brasil e da Universidade Federal do Ceará (UFC). A coordenadora dos Programas de Hanseníase e de Tuberculose da Célula de Vigilância Epidemiológica da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), Yolanda Barros, explica o planejamento estabelecido.
“Inicialmente, serão contemplados os municípios de Fortaleza, Maracanaú, Caucaia e Sobral, ambos prioritários para o diagnóstico de hanseníase. Já a partir do segundo semestre de 2022, após treinamentos voltados aos profissionais da Saúde, orientações e publicações de notas técnicas, haverá a ampliação para outras cidades cearenses, obedecendo a um cronograma específico”, informa.
“Deverão ser submetidos ao teste rápido pacientes que relatarem contato com pessoas infectadas e em caso de incerteza diagnóstica. No entanto, em se tratando de hanseníase, a investigação clínica sempre será soberana”
A gestora elenca, ainda, os impactos assistenciais estimados. “Trata-se de um elemento a mais na linha de triagem da doença. Em geral, o diagnóstico deve ser feito a partir da avaliação minuciosa das lesões cutâneas, incluindo a avaliação de sensibilidade por meio de palpação dos nervos de forma funcional, sensitiva, motora e autonômica”, pontua.
Combate à subnotificação
Em virtude da pandemia causada pela covid-19, conforme Barros, houve uma baixa detecção de casos confirmados da doença. “Estamos falando de uma enfermidade de endemia oculta. Isso pode nos trazer consequências severas se não tentarmos recuperar eventuais casos subnotificados”, alerta.
Nessa perspectiva, o Estado do Ceará vem sendo palco de diversos esforços voltados ao enfrentamento da problemática. “Anualmente, são realizados treinamentos, supervisões e monitoramentos por parte das equipes de atenção básica. Contudo, é preciso fortalecer a formação curricular dos profissionais para aprimorar o controle da doença”, afirma.