A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da Célula de Imunização, iniciou, nesta semana, a segunda fase da campanha de vacinação contra a mpox. A nova etapa contempla profissionais de saúde atuantes em laboratórios com manuseio do Orthopoxvírus — vírus transmissor da doença –, além de pacientes acompanhados pelos Serviços Ambulatoriais Especializados (SAEs) em HIV/aids situados em 14 municípios do Interior.
No Hospital Geral de Fortaleza (HGF), devem ser vacinados 32 profissionais atuantes no Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen). Ambos os equipamentos são vinculados à Rede Sesa. Serão imunizados, ainda, colaboradores com o perfil no Laboratório CAC, que atende a rede privada de Saúde. São trabalhadores de 18 a 49 anos de idade, que manipulam amostras do Orthopoxvírus em laboratórios com nível de biossegurança 2.
A vacinação para esse público segue até sexta-feira (27), no Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (Crie) do HGF.
Critérios do MS
Segundo critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS), também devem receber a vacina homens cisgêneros, travestis e mulheres transexuais com idade igual ou superior a 18 anos e contagem de linfócitos CD4 [principal alvo do vírus HIV] inferior a 500 células nos últimos seis meses (de setembro de 2022 a fevereiro de 2023).
No Ceará, a meta é vacinar 1.798 pessoas vivendo com HIV/aids que se enquadram nesse perfil específico, conforme dados do Sistema de Monitoramento Clínico das Pessoas Vivendo com HIV/aids (Simc). Até o momento, a Célula de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (Rede de Frio estadual) já recebeu três mil doses da vacina contra mpox. Cada pessoa receberá duas aplicações, com intervalo de 28 dias entre as doses.
Segundo Ana Karine Borges, coordenadora da Célula de Imunização da Sesa, a estratégia de vacinação contra mpox, elaborada pelo MS, objetiva proteger indivíduos com maior risco de evolução para as formas graves da doença. “O plano se encerra com o consumo de todas as 46 mil doses disponíveis para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), ou seja, não pertencerá ao Calendário Nacional de Vacinação”, ressaltou.
Primeira etapa de imunização
A Saúde do Ceará também realiza, desde o dia 11 de abril, a vacinação de pessoas elegíveis para o imunizante no Hospital São José (HSJ). A unidade da Rede Sesa foi escolhida para essa primeira etapa por contemplar a maior parte da população que atende aos critérios de inclusão do Ministério da Saúde, conforme os dados do Simc.
Para realizar a vacinação contra mpox, os profissionais atuantes no Ambulatório do HSJ foram capacitados pela Célula de Imunização da Sesa sobre as especificidades da vacina e os critérios da estratégia de vacinação.
Régia Moreira, assistente social e coordenadora do Ambulatório do HSJ, informou que, para a administração do imunobiológico, três enfermeiras e uma técnica em Enfermagem foram treinadas. “Elas sensibilizam os pacientes, especialmente os de localidades mais distantes, a retornar ao hospital para tomar a segunda dose da vacina dentro do prazo máximo de quatro semanas”, afirmou.
Sérgio [nome fictício], de 36 anos, vive com HIV e foi encaminhado para tomar a vacina contra mpox logo após uma consulta de rotina no HSJ. “A doutora que me indicou. Ela disse que, por causa do meu CD4 estar um pouco baixo, seria interessante tomar essa vacina. Eu acho muito importante a gente ter essa assistência”, relatou.
Ampliação para a rede particular
Paralelamente, foi iniciada a vacinação da população atendida no SAE da rede municipal de Fortaleza. De acordo com Ana Karine Borges, será considerado, ainda, o público-alvo atendido no sistema da rede particular de saúde, desde que esteja dentro dos critérios indicados pela pasta federal.
“Portanto, essas pessoas poderão ser vacinadas mediante apresentação de exame de CD4 com data de realização nos últimos seis meses (setembro de 2022 a fevereiro de 2023), anexado à prescrição médica. Este público deverá entrar em contato com a SMS Fortaleza, no telefone (85) 3452-6966, para agendar a vacinação no local indicado pelo município (SAE municipal)”, explicou.
Para Borges, é importante considerar que o atual cenário epidemiológico apresenta queda progressiva no número de casos em todo o mundo, incluindo no Brasil. “Apesar da redução na transmissão da doença, existe um estoque disponível no nível nacional que precisa ser otimizado, uma vez que a vacina, autorizada pela Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária], apresenta uma capacidade de proteção dos indivíduos com maior risco de evolução para as formas graves da doença, considerados como prioritários”, sublinhou.
No último dia 11 de maio, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a mpox não representa mais emergência em saúde pública de importância internacional. Os primeiros casos no Ceará foram notificados há cerca de um ano, em maio de 2022. Desde 8 de fevereiro de 2023, não há mais notificações de casos confirmados da doença no Estado.