O fim do mês de maio marca o término da quadra chuvosa iniciada em fevereiro, no estado do Ceará. Em 2022, as chuvas durante o período foram responsáveis por uma melhora significativa no volume acumulado dos reservatórios cearenses, que saltou de 21% para 38%. Este aporte durante os últimos quatro meses garante segurança hídrica para o Estado por, pelo menos, dois anos, segundo Francisco Teixeira, Secretário dos Recursos Hídricos do Ceará (SRH).
“Chegamos com uma reserva importante, que nos dá uma situação de razoável conforto para dois anos, na maior parte do Estado, com raríssimas exceções”, destaca Francisco.
Em um comparativo da situação dos açudes cearenses no primeiro dia da quadra chuvosa com o cenário apresentado no último dia 1º de junho, os dados mostram uma evolução no número de açudes sangrando. No início de fevereiro, o Ceará possuía apenas dois açudes com volume máximo e, em junho, chegou a 40.
Na avaliação do diretor de Operações da Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh), Bruno Rebouças, mesmo que o Estado estivesse com todos os açudes cheios, ainda assim seria necessário manter a prudência e o bom senso no uso da água.
Rebouças alerta que o Ceará está “encravado”, quase que na totalidade, no semiárido equatorial. Por esta característica, a incerteza é a principal marca do regime de chuvas, afirma o diretor.
Mesmo com o bom aporte recebido neste ano durante o período invernoso, algumas bacias do Estado não apresentaram grande evolução no volume acumulado de água.
No início da estação, a Bacia do Banabuiú possuía um acumulado de 7%. Atualmente, o volume está em torno de 10%. A bacia dos Sertões de Crateús também apresentou uma tímida evolução, partindo de 21,7% para 22,9%. “Os aportes não são uniformes no território. As bacias do Banabuiú e Curu e Sertões de Crateús ainda estão em estado de alerta”, ressalta Rebouças.
A reportagem questionou à SRH se ainda é possível esperar que o volume acumulado de água nos reservatórios aumente, mesmo após o período da quadra chuvosa, pois os primeiros dias deste mês de junho foram de chuvas, em parte do Estado. “Como a Funceme previu, as chuvas se concentraram dentro da média (durante a quadra chuvosa), inclusive continuando no mês de junho, aportando ainda os reservatórios e aumentando as sangrias”, avalia Francisco Teixeira.
A SRH destaca que os dois maiores reservatórios do Estado apresentam volumes significativos, além de ressaltar que a Região Metropolitana de Fortaleza (RMF) atingiu 100% da capacidade, saindo do estado de escassez hídrica. Atualmente, Castanhão e Orós estão com 23,41% e 49,62%, respectivamente.
Devido à melhoria da situação hídrica estadual, moradores de Fortaleza e municípios que compõem a RMF não têm mais a cobrança da tarifa de contingência nas contas de água da Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece).
A Tarifa de Contingência é um mecanismo, aplicado em Fortaleza e nos municípios da RMF, que tem como objetivo estimular a redução do consumo de água nessas áreas. A tarifa foi implantada em 2015 e está vinculada diretamente ao estado de escassez hídrica que o Ceará atravessava.
No momento, os açudes Pacoti, Pacajus, Riachão, Gavião e Aracoiaba dão total autonomia de água para a RMF, sem necessidade de transferência das águas do açude Castanhão.
Além da boa situação das Bacias Metropolitanas, as bacias do Litoral, Acaraú, Coreaú, localizadas na porção Noroeste, também registraram acumulados positivos neste ano. A bacia do Salgado, na porção Sul do Ceará, foi mais uma que apresentou bons resultados após a quadra chuvosa de 2022, registrando 59% de volume.
Neste ano, mais dois reservatórios foram inaugurados e passaram a constar na resenha diária dos açudes monitorados pela Cogerh, são eles: o açude Amarelas (Beberibe) e Melancias (São Gonçalo do Amarante).
De acordo com a Companhia, os reservatórios ainda não acumulam volumes significativos, diante das respectivas capacidades. Entretanto, ambos possuem importância local, seja no abastecimento humano, na produção ou até no incremento de outros serviços, como o desenvolvimento do turismo.
Fonte: Site O POVO