Os municípios cearenses começam a ser banhados em fevereiro, início da quadra chuvosa, mas não há refresco nem nessa época do ano em regiões do Sertão Central, dos Inhamuns e Norte, por exemplo, onde a temperatura beira os 40ºC. Jaguaribe, inclusive, aparece entre as cidades mais quentes do País.
A cidade teve a maior média de temperatura do mês no Estado com 36,3ºC, mas chegou a 39,2ºC no dia 13 de fevereiro. Morada Nova (35,2ºC), no Vale do Jaguaribe, e Quixadá (34,3ºC) aparecem na sequência dessa lista quente.
AS 10 CIDADES MAIS QUENTES
- Jaguaribe: 36,26ºC
- Morada Nova: 35,2ºC
- Quixadá: 34,3ºC
- Quixeramobim : 34,2ºC
- Crateús: 34ºC
- Tauá: 33,05ºC
- Sobral: 32,7ºC
- Iguatu: 32,15ºC
- Itapipoca: 31,4ºC
- Tianguá: 28ºC
Algumas características dos municípios cearenses explicam esse calor todo. Em comum, o clima semiárido, que tende a registrar temperaturas mais altas. Além disso, apesar das chuvas, esse período é, na verdade, do verão.
“Se confunde muito aqui no Ceará o inverno com a chuva, mas não tem nada a ver. O que demarca o inverno são as temperaturas mais baixas, que no Brasil acontecem a partir de junho”, explica o geógrafo Alexandre Queiroz.
O verão é marcado por temperaturas mais elevadas, períodos de iluminação maior, e estamos no semiárido. No litoral, temos a brisa marinha, com nebulosidade, e isso acaba amenizando as temperaturas
ALEXANDRE QUEIROZGeógrafo
O especialista, professor na Universidade Federal do Ceará e colunista do Diário do Nordeste, acrescenta a característica das regiões que são cortadas por morros isolados.
“Todos estão incrustados, de alguma maneira, na chamada ‘depressão sertaneja’ e isso implica características climáticas que, durante o dia, tem temperaturas mais elevadas”, acrescenta.
Já outras cidades são beneficiadas pela altitude e ganham em conforto térmico. Tianguá, por exemplo, não fosse essa característica, poderia estar mais alto no ranking.
“Tianguá é a menor de todas, porque tem uma questão altimétrica, está localizada na Serra Grande, na Ibiapaba. Quanto mais alto, mesmo em regiões semiáridas, tem temperatura mais amenas, como o que acontece em Guaramiranga”, analisa Alexandre.
CALOR DE SOBRA
Alexandre pondera que esses registros podem ser influenciados pela localização dos postos de coleta. “Se for estiver na zona rural, mas numa área mais vegetada, a tendência da temperatura é ser inferior”, explica.
Não é possível especificar qual o impacto das mudanças climáticas sobre a temperatura das cidades devido aos registros históricos e a complexidade da análise. Mas alguns movimentos são fáceis de perceber.
O especialista cita o crescimento da população e a forma de ocupar os espaços como relevantes para o aumento da temperatura.
“Um dos fatores que a gente percebe, mesmo nas cidades menores, são tecidos urbanos mais densos. Aumenta a taxa de ocupação do solo, de impermeabilização, de construções e isso tende a gerar menos áreas verdes”, destaca.