O dólar fechou em queda nesta sexta-feira (1), registrando uma nova desvalorização semanal frente ao real com a manutenção do fluxo da moeda para Brasil.
A moeda norte-americana recuou 1,94%, a R$ 4,6668. Trata-se do menor patamar de fechamento desde 10 de março de 2020 (R$ 4,6447).
Com o resultado desta sexta, o dólar caiu 1,68% na semana. No acumulado do ano, tem baixa de 16,29% frente ao real.
O que está mexendo com os mercados?
Na agenda econômica do dia, o IBGE divulgou que a produção da indústria cresceu 0,7% em fevereiro, seguindo abaixo do patamar pré-pandemia. Nos EUA, o Departamento do Trabalho divulga o relatório do mercado de trabalho americano, conhecido como “payroll”, relativo ao mês de março.
Na zona do euro, a inflação anual disparou a 7,5% em março, batendo nova máxima recorde e complicando a situação do Banco Central Europeu em meio a os preços elevados e a desaceleração do crescimento econômico.
Na China, a produção industrial registrou o menor nível em dois anos no mês de março, em meio ao pior surto de covid-19 no país desde a primeira onda da pandemia.
O recuo do dólar frente ao real em 2022 tem sido favorecido pela disparada nos preços das commodities e juros em patamares mais elevados no Brasil. O Brasil possui atualmente a segunda maior taxa de juros reais no mundo, atrás somente da Rússia.
O movimento do dólar também é um reflexo do maior fluxo de capital estrangeiro para o país devido ao diferencial de juros com o exterior e perspectiva de que o Banco Central irá promover novas elevações na taxa Selic para tentar controlar a inflação. Juros mais altos no Brasil tornam a moeda local mais interessante para investidores que buscam rendimento em ativos mais arriscados.
Em relatório mensal, o Rabobank destaca que vê uma continuação dos fluxos que vem favorecendo o desempenho do real no curto prazo “enquanto um novo sentimento de risco global importante não for acionado novamente e o spread entre as taxas de juros continuar apetitoso”, diz o documento.
Entretanto o banco ressalta que os fundamentos permanecem frágeis e, internamente, “as perspectivas continuam desafiadoras, com o aumento incerteza sobre a política econômica durante o ciclo eleitoral iminente e um ambiente global de aperto monetário com maior aversão ao risco decorrente do cenário geopolítico”, favorecendo as forças depreciativas nos meses mais à frente. O Rabobank ajustou sua previsão do dólar no fim do ano para R$ 5,25 e R$ 5,20 em 2023.