As dores nas articulações causadas pela infecção de chikungunya são um dos principais sintomas que debilitam e causam reclamação dos pacientes, podendo perdurar por anos. Por isso, muita gente se pergunta: tem como aliviar as dores da chikungunya? O ortopedista Eduardo Vasconcelos orienta o que fazer (e não fazer) quando diagnosticado com a doença.
O Ceará teve dois municípios liderando o número de casos prováveis de chikungunya no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde: Fortaleza com 9.392 casos prováveis; e Juazeiro do Norte, 3.670.
O órgão ministerial informou ainda que no primeiro semestre de 2022, de um total de 23 mortes em todo o país, 17 ocorreram no Ceará. Com isso, o estado concentrou 73,9% dos óbitos.
O médico Eduardo Vasconcelos explica que o primeiro cuidado necessário para tentar aliviar as dores é o repouso.
“Quanto mais atividades físicas, quanto mais exigir das articulações, mais dor isso vai gerar por conta da articulação já inflamada”, comentou o ortopedista.
Ele também comentou sobre um tópico importante das arboviroses. “O segundo ponto importante é a hidratação. É importantíssimo beber muita água, soro de reidratação oral, sucos, evitar bebidas alcoólicas — porque vai gerar desidratação que pode piorar a dor. A hidratação vai ajudar, inclusive, a evitar uma postergação das dores”, reforçou o médico.
Em relação às medicações, Eduardo Vasconcelos alertou para o cuidado com o uso de anti-inflamatório, já que também estamos vivendo aumento de casos de dengue.
“A orientação é evitar para tratar a dor — que é uma coisa muito comum da população; evitar também o uso do ácido acetilsalicílico, também conhecido como AAS. Nesse caso, é melhor evitar e usar analgésicos comuns, como paracetamol e dipirona. Basicamente essas duas medicações”, explicou o ortopedista.
Ele disse que, mesmo nos casos onde a dengue foi descartada e a chikungunya foi diagnosticada, o correto é evitar anti-inflamatórios.
“Quando a dor é mais longa, mais intensa, aí esses pacientes podem precisar usar corticoide por algum tempo; e em alguns casos mais extremos, quando essa dor cronifica, ou seja, dura mais de dois meses, alguns pacientes podem precisar usar medicações especiais, como imunobiológicos que são usados em doenças reumatológicas”, complementou Vasconcelos.
O especialista reforça que em ambos os casos, é necessária a avaliação de um médico, por conta de possíveis efeitos colaterais e contraindicações dos remédios.
O especialista reforça que em ambos os casos, é necessária a avaliação de um médico, por conta de possíveis efeitos colaterais e contraindicações dos remédios.
O uso de compressas (quente e fria) e géis de massagem também podem auxiliar no objetivo de amenizar as dores. Segundo o ortopedista, embora sejam paliativos, não há problema em utilizar esses tratamentos.
“A compressa, tanto fria quanto morna, pode ser utilizada desde que gere um conforto. Tem pacientes que vão melhorar um pouco da dor, se sentir melhor com a compressa fria, outros com a compressa morna, e tem pacientes que não vão notar melhora nenhuma”, comentou o médico.
“Os géis podem dar um alívio, uma sensação de frescor, mas eles não vão efetivamente diminuir a dor ou inflamação na articulação, até porque age de maneira mais superficial; não vai penetrar na articulação”, complementou Vasconcelos.
Quanto à dieta, o médico diz que, se a pessoa não tem alergia alimentar, não há restrições, a priori, quando do diagnóstico da chikungunya. O ortopedista orienta ainda que sejam evitados os alimentos mais gordurosos, e que se dê preferência a comidas mais leves (como carne branca ao invés de carne vermelha).
“Se o paciente tem alguma alergia alimentar, obviamente tem de evitar porque em uma reação alérgica ele vai ter ainda mais dores articulares. Então, é preciso ter cuidados com alimentos alergênicos”, explicou Vasconcelos.
O médico reforça ainda que, apesar das maneiras de aliviar as dores, a atenção maior precisa ser nos cuidados em evitar a proliferação de Aedes aegypti, mosquito transmissor dos vírus da dengue, chikungunya e zika.
“Não acumular água, cuidados com vasos de plantas, nos pneus, nos quintais. Enfim, todos aqueles cuidados que a gente já sabe largamente, mas muita gente acaba deixando passar batido; e isso tem gerado um número de casos enorme atualmente aqui no estado”, orientou o ortopedista.
Fonte: G1