Os franceses foram às urnas, neste domingo (10), para o primeiro turno das eleições presidenciais. Doze candidatos concorreram, com Emmanuel Macron e Marine Le Pen despontando na frente, seguidos por Jean-Luc Mélenchon.
De acordo com estimativas do Instituto Ifop, o atual líder Macron, que teria conseguido 28,6% dos votos, e a candidata da extrema-direita Le Pen com 24,4%, irão disputar o segundo turno das eleições presidenciais da França, em 24 de abril.
Em um discurso aos apoiadores, Macron declarou que “ainda nada está decidido” e comprometeu-se a trabalhar para convencer todos os eleitores, incluindo aqueles que se abstiveram ou votaram em candidatos da extrema-direita e da extrema-esquerda, a votarem nele.
Le Pen, por sua vez, disse que irá resolver as divisões do país se for eleita presidente. “Pretendo sem espera costurar as lágrimas que uma França dilacerada sofre e que agora o poder foi capaz de fazer.”
A segunda etapa do pleito indica que a disputa será acirrada. Macron lidera as pesquisas com cerca de 51% dos votos e Le Pen com 49%.
O primeiro turno foi marcado pela menor participação dos franceses nas urnas desde 2017. Segundo o Ministério do Interior da França, o percentual de comparecimento estava em 65% às 17h, enquanto o índice em 2017 registrado para o mesmo horário era de 69,4%.
Ao meio-dia, a participação também era reduzida em relação a 2017, mas havia expectativa dos franceses comparecerem às urnas com maior peso após o almoço. Neste horário, 25,5% dos inscritos para votar compareceram a alguma seção eleitoral; nas eleições anteriores, o percentual foi de 28,5%.
Cerca de 48,7 milhões de franceses estão registrados para votar, apesar de a participação não ser obrigatória no país.
Apoios no segundo turno
Até o momento, quatro dos candidatos que disputaram o primeiro turno, Jean-Luc Mélenchon, Anna Hidalgo, Valerie Pecresse e Yannick Jadot, declararam oposição à Le Pen neste provável segundo turno.
“Sabemos em quem nunca votaremos… Você não deve apoiar Le Pen… Não deve haver um único voto para Le Pen no segundo turno”, disse Mélenchon em discurso a seus apoiadores. O candidato da extrema-esquerda francesa teria ficado em terceiro lugar, segundo informações iniciais dos centros de pesquisa.
Hidalgo também declarou ser contrária à vitória da representante do Reagrupamento Nacional. “Para que a França não caia no ódio de todos contra todos, peço solenemente que votem em 24 de abril contra a extrema-direita de Marine Le Pen”.
Pecresse, que faz parte da ala conservadora francesa, chegou a citar a relação de Le Pen com o presidente russo para justificar seu apoio a Macron. “A proximidade histórica (de extrema-direita Marine Le Pen) com Vladimir Putin a desacredita de defender os interesses de nosso país nestes tempos trágicos. Sua eleição significaria que a França se tornaria irrelevante no cenário europeu e internacional”.
O também candidato da extrema-direita, Eric Zemmour, apoiou Le Pen para o segundo turno contra Emmanuel Macron. Falando a apoiadores, Zemmour reconheceu diferenças com a candidata, mas afirmou que não tem “dúvidas de quem é o adversário. Por isso peço aos meus apoiadores que votem em Marine Le Pen”.
Projeções
Se for reeleito, Macron deve continuar suas políticas pró-União Europeia e seu programa de reformas. Dentre as propostas para esta campanha, o presidente prometeu o aumento da aposentadoria para os 65 anos, reformas no seguro-desemprego e mercado de trabalho, relançamento de reatores nucleares, além de investimento em energia ecológica e objetivo de alcançar a neutralidade carbônica até 2050.
Por outro lado, se Marine Le Pen for eleita presidente, a França deve ter mudanças bruscas especialmente no que se relaciona à política de imigração. Em sua campanha eleitoral, a candidata focou em metas referentes ao poder de compra do povo francês – um dos pontos de maior preocupação dos eleitores, segundo as pesquisas.
Emmanuel Macron
O ex-banqueiro de investimentos e atual presidente da França, Emmanuel Macron, está disputando a sua segunda corrida eleitoral. O candidato é o fundador do partido centrista República em Marcha.
Assim como para todos os líderes mundiais nos últimos dois anos, a pandemia da Covid-19 foi um dos principais desafios de seu mandato. Antes da crise sanitária, ainda no início do mandato, uma onda de protestos invadiu a França. O movimento dos “coletes amarelos” levou milhares de pessoas às ruas, engatilhado por uma medida de Macron que aumentou o preço do diesel, no fim de 2018.
Marine Le Pen
A atual deputada Marine Le Pen ingressou na política ainda jovem, aos 18 anos. Filha de Jean-Marie Le Pen, fundador do Frente Nacional – atual Reagrupamento Nacional, partido de Le Pen – a candidata representa a extrema direita francesa.
Apesar de tentar suavizar a imagem de sua sigla, conhecida pela política nacionalista e anti-imigrante, Le Pen mantém alguns pontos emblemáticos em seu programa.
A candidata é conhecida por captar eleitores difíceis, de acordo com o especialista em pesquisa Emmanuel Riviere. “Ela sempre consegue seduzir pessoas que não estão interessadas na política, precisamente porque oferece a eles uma solução para expressar sua raiva em relação à política.”
(*Com informações de Stephan Rozenbaum e Renata Souza, da CNN, e da Reuters)