O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) defendeu anistia aos presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro em discurso durante um ato neste domingo (25) na Avenida Paulista. O ato foi convocado por Bolsonaro e ocupou cerca de 6 quarteirões da via.
“O que eu busco é a pacificação, é passar uma borracha no passado. É buscar maneira de nós vivermos em paz. É não continuarmos sobressaltados. É por parte do Parlamento brasileiro (…) uma anistia para aqueles pobres coitados que estão presos em Brasília. Nós não queremos mais que seus filhos sejam órfãos de pais vivos. A conciliação. Nós já anistiamos no passado quem fez barbaridades no Brasil. Agora nos pedimos a todos 513 deputados, 81 senadores, um projeto de anistia para seja feita justiça em nosso Brasil”, disse o ex-presidente.
Bolsonaro também negou ter tentado dar um golpe de estado. O ex-presidente, ex-ministros e assesores e militares são alvos de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que investiga essa tentativa de golpe.
Os apoiadores começaram a chegar pela manhã e os discursos tiveram início por volta das 14h30. Bolsonaro chegou por volta das 15h, acompanhado do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Além de Bolsonaro, discursaram o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto, a ex-primeira-dama, Michelle, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freita (Republicanos), o pastor Silas Malafaia e parlamentares apoiadores do ex-presidente.
Em geral, os discursos fizeram a defesa de Bolsonaro e do governo do ex-presidente.
Valdemar falou antes da chegada de Bolsonaro – os dois estão proibidos de se encontrar por serem ambos investigados pela tentativa de golpe. O presidente do PL disse que, graças aos eleitores de Bolsonaro, a legenda se tornou o “maior partido do Brasil”.
A ex-primeira-dama fez um discurso de motivação religiosa.
“Desde 2017, nós estamos sofrendo, nós estamos sofrendo por exaltarmos o nome de Deus, porque o meu marido foi escolhido e por que ele declarou que era Deus acima de tudo”, disse Michelle.
Minuta do golpe
Bolsonaro foi o último a falar. Ele começou o discurso relembrando sua carreira política, o atentado sofrido durante a campanha de 2018 e “aquilo que aconteceu em outubro de 2022” – em referência à eleição em que foi derrotado ao tentar se reeleger. “Vamos considerar isso uma página virada na nossa história”, afirmou.
O ex-presidente, então, disse ser perseguido e negou estar envolvido em qualquer tentativa de golpe de Estado.
“O que é golpe? Golpe é tanque na rua. É arma, é conspiração. É trazer classes políticas para o seu lado. Empresariais. É isso que é golpe. Nada disso foi feito no Brasil. Fora isso, por que continuam me acusando de golpe? Agora o golpe é porque tem uma minuta de um decreto de estado de defesa. Golpe usando a Constituição?”
Em 2023, a Polícia Federal encontrou na casa de Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, uma minuta de decreto que previa a instauração de um estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e mudar o resultado da eleição de 2022.
Em 2024, a PF encontrou uma outra minuta de decreto, desta vez no escritório de Bolsonaro na sede do PL, em Brasília. O documento previa a instauração de um estado de sítio no Brasil “jogando dentro das quatro linhas” – uma expressão usada regularmente pelo ex-presidente.
Há, ainda, uma terceira minuta de decreto, segundo relato do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, apresentada ao ex-presidente em novembro de 2022, no Palácio do Alvorada, que previa a realização de novas eleições e a prisão de autoridades. Segundo a PF, Bolsonaro pediu ajustes no documento, excluindo a prisão de algumas dessas autoridades, mas mantendo a previsão de um novo pleito.
Tarcísio de Freitas agradece Bolsonaro e o chama de amigo
Ex-ministro de Bolsonaro e eleito governador de SP com o apoio dele, Tarcísio de Freitas falou antes do ex-presidente.
Tarcísio agradeceu Bolsonaro, a quem chamou de amigo.
“Eu não vou chamar nem de presidente agora, vou chamar de Bolsonaro, meu amigo Bolsonaro. Você não é mais um CPF, você não é mais uma pessoa, você representa um movimento”, afirmou.
Tarcísio também fez elogios ao governo de Bolsonaro e disse que o público “estava com saudade de vestir o verde e amarelo.”O pastor Silas Malafaia falou em seguida. Disse que não iria atacar o Supremo Tribunal Federal, mas criticou as investigações contra o ex-presidente, que tramitam na Corte.
Camisetas amarelas
Os apoiadores do ex-presidente chegaram ao local nas primeiras horas da manhã, com bandeiras do Brasil e camisetas amarelas.
Alguns portavam bandeiras de Israel. Na última semana, o governo de Benjamin Netanyahu foi criticado por Lula, que chamou de genocídio a morte de palestinos em Gaza e comparou as ações do Exército israelense ao extermínio de judeus por nazistas no Holocausto. Em resposta, Israel declarou Lula “persona non grata”, o que significa que sua presença não é bem-vinda.Alguns apoiadores levaram cartazes contrários ao comunismo e com lemas em defesa da pátria e da família.
Lista de presentes
Estavam presentes no ato: Jair Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e o pastor Silas Malafaia; os governadores de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos); Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil); e Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); o presidente do PL, Valdemar da Costa Neto – ele discursou antes da chegada de Bolsonaro; os deputados federais Gustavo Gayer (PL-GO) , Nikolas Ferreira (PL-GO) e Carla Zambelli (PL-SP); o senador Magno Malta (PL-ES); o ex-deputado federal João Roma (PL); e outros.