O esquema de monopólio montado entre empresários do “jogo do bicho” e uma facção criminosa carioca, em território cearense, rendia cerca de R$ 1 milhão à facção, por mês, segundo o secretário da Segurança Pública e Defesa Social, Sandro Caron. Seis suspeitos de integrar o esquema criminoso e um PM que fazia a segurança de um dos suspeitos foram presos na Operação Saturnália, nesta quinta-feira (13).
O dinheiro repassado à facção representava cerca de 20% do faturamento do “jogo do bicho”. Os empresários tinham o respaldo da facção para vender os jogos nas áreas dominadas pela organização criminosa, no Ceará. A organização criminosa ameaçava concorrentes do “jogo do bicho” e extorquia comerciantes. Policiais militares fariam a segurança desses empresários.
“Há mais ou menos um ano, a nossa Inteligência detectou que a facção criminosa oriunda do Rio de Janeiro estava buscando aliança com exploradores do ‘jogo do bicho’ aqui no Estado, como forma de obter recursos financeiros”, revelou o secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS), Sandro Caron.
A Operação Saturnália foi deflagrada para cumprir mandados de prisão preventiva e de busca e apreensão, em Fortaleza (nos bairros Meireles, Messejana e Jardim Guanabara), no Eusébio e em São Gonçalo do Amarante, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF).
Quatro empresários e dois gerentes do “jogo do bicho” foram presos preventivamente. Já um policial militar da Reserva Remunerada (RR), que atuaria como segurança dos empresários, foi preso em flagrante, por porte ilegal de arma de fogo. Há ainda um mandado de prisão em aberto contra o homem que, segundo a Polícia Civil, seria o responsável por fazer o elo entre os empresários e membros da facção, para iniciar o esquema criminoso.
Com o grupo, foram apreendidos 16 veículos – sendo 4 blindados -, R$ 800 mil em espécie, joias, armas de fogo, documentos, computadores, maquinetas e cadernos de contabilidade. 60 policiais civis participaram da Operação.
Até então, pessoas que exploravam jogos ilegais estavam sujeitas a contravenção penal. Contudo, no momento que se associaram ao crime organizado e passaram a financiá-lo, passaram a cometer o crime previsto na Lei das Organizações Criminosas, que tem pena de 3 a 8 anos de reclusão”.
SANDRO CARON
Secretário da Segurança Pública e Defesa Social do Ceará (SSPDS)
OPERAÇÃO DERIVADA DE MATÉRIA JORNALÍSTICA
A investigação, que culminou na Operação Saturnália, foi iniciada a partir de uma reportagem do Diário do Nordeste, intitulada de “Ameaças e cobranças milionárias: monopólio do ‘jogo do bicho’ junto a facção é investigado no Ceará”.
A denúncia foi investigada pelas delegacias de Repressão às Ações Criminosas Organizadas do Ceará (Draco) e de Combate aos Crimes de Lavagem de Dinheiro (DCLD), com apoio do Departamento de Inteligência (DIP) da Polícia Civil. Segundo Caron, as investigações continuam para identificar novos integrantes do esquema criminoso.
Fonte: Diário do Nordeste