O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores de São Paulo, a B3, fechou em alta nesta sexta-feira (5), na medida em que investidores avaliaram os dados do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) e monitoraram resultados corporativos divulgados tanto aqui quanto lá fora.
Ao final do pregão, o índice avançou 2,91%, aos 105.148 pontos.
O movimento veio bastante apoiado nas blue chips (ações com maior peso na composição do Ibovespa). Entre os destaques, Vale e Petrobras subiram 3,17% e 4,39%, respectivamente, acompanhando a valorização das commodities no exterior. Papéis do segmento financeiro também tiveram forte alta na sessão.
No dia anterior, o Ibovespa teve alta de 0,37%, aos 102.174 pontos. Com o resultado, passou a acumular:
- Alta de 0,69% na semana e no mês;
- Recuo de 4,18% no ano.
No mercado de câmbio, o dólar fechou em queda de 0,98%, cotado a R$ 4,9431.
O que está mexendo com os mercados?
A principal notícia do dia para o mercado financeiro ficou com a divulgação do relatório de emprego dos Estados Unidos (payroll) de abril.
A economia dos EUA abriu 253 mil postos de trabalho fora do setor agrícola no mês passado. A taxa de desemprego caiu para 3,4%, de 3,5% em março.
Economistas consultados pela Reuters previam que 180 mil vagas seriam criadas. A abertura de vagas está bem acima da taxa mensal de 70 mil a 100 mil necessárias para acompanhar o crescimento da população em idade ativa.
É um novo impasse para o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), que elevou sua taxa básica de juros em mais 0,25 ponto percentual (p.p.) na quarta-feira (3), para a faixa de 5% a 5,25%. Para combater a inflação no país, que sofre pressão dos salários, o BC dos Estados Unidos já aumentou sua taxa básica de juros em 5 p.p. desde março de 2022.
Apesar dos resultados ainda fortes do payroll, os dados de março foram revisados para baixo para mostrar criação de 165 mil empregos, em vez de 236 mil conforme relatado anteriormente.
Segundo Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, essa forte revisão “compensou” o número muito maior que o esperado divulgado hoje. Isso ajuda a explicar o bom-humor dos mercados neste pregão, já que os dados revisados praticamente equipararam os números ao que havia de expectativa.
Na Europa, autoridades do Banco Central Europeu (BCE) afirmaram que a entidade continuará elevando as taxas de juros até que a inflação esteja sob controle. “A essência do esforço foi feita, embora provavelmente haverá mais alguns aumentos de juros”, disse o presidente do banco central francês, François Villeroy De Galhau, à emissora francesa Radio Classique.
Dados divulgados nesta sexta-feira mostraram que as vendas no varejo na zona do euro caíram mais do que o esperado em março, uma evidência do arrefecimento da demanda. O volume de vendas no varejo nos 20 países que usam o euro caiu 1,2% em março em relação ao mês anterior, superando a queda de 0,1% observada em uma pesquisa da Reuters com economistas.
E duas pesquisas do BCE também publicadas nesta sexta-feira mostraram que os economistas reduziram suas projeções de inflação para este ano e para o próximo — para 5,6% e 2,6%, respectivamente — e que as empresas estão moderando o ritmo dos aumentos de preços.
Mas as pesquisas, que foram apresentadas às autoridades na reunião desta semana, também mostraram que a inflação está ligeiramente acima da meta de 2% do BCE em 2025 e que as empresas estão preocupadas com o aumento dos salários.
Investidores estão calculando uma alta probabilidade de outro aumento de 0,25 ponto na taxa de depósito no próximo mês, o que a levaria para 3,50%, mas que estão menos convencidos de que o BCE subirá novamente depois disso.
Por aqui, destaque para a entrevista do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, à rádio CBN. O ministro afirmou que ainda não tem a resposta sobre como conseguirá chegar à faixa de isenção do Imposto de Renda em R$ 5 mil, proposta de campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo ele, essa foi “uma determinação do governo” e, agora, o trabalho do Ministério da Fazenda é viabilizar o que foi pedido, mas que essa é uma “tarefa desafiadora”. O ministro estima que somente elevar a faixa de isenção ao patamar dos R$ 5 mil custaria cerca de R$ 100 bilhões aos cofres públicos.
Por: G1