Uma jovem cearense descobriu que estava com quase nove meses de gravidez somente três dias antes do parto em um hospital particular de Fortaleza. A mulher procurou a emergência da unidade na segunda-feira (6), se queixando de cólicas e chegou a receber um diagnóstico de suspeita de tumor no ovário, mas um ultrassom pélvico mostrou o bebê, e o parto ocorreu na quinta-feira (9)
“Foi uma surpresa, já que eu não estou em um relacionamento e já estava quase nascendo, mas em 24 horas minha família fez enxoval, organizou tudo, adaptou toda a casa e me apoiou em tudo. Nesses 8 meses eu bebi, comi sushi, corri e cai de salto alto, pintei cabelo, tomei remédios, mas Deus foi tão maravilhoso que ela nasceu perfeita”, disse a mulher.
Segundo a jovem, que não quer ser identificada, ela teve a última relação sexual em outubro de 2021. Desde então, ela menstruou normalmente, não teve enjoos nem aumento expressivo peso, até maio deste ano.
“Do início de maio para cá foi que aumentei cerca de 3 a 4 quilos, mas a barriga cresceu pouquíssimo, tipo ‘barriguinha de cerveja’. Na segunda, passei o dia com cólica e sensação como se fosse uma água descendo, como se eu não conseguisse segurar o xixi. Decidir ir à emergência para ver o que era”, relembrou a mulher.
Durante o atendimento, a jovem que tem endometriose – uma doença inflamatória em que o tecido que reveste o útero se deposita em regiões como ovário e intestino – chegou a receber o diagnóstico de suspeita de tumor no ovário, devido a casos anteriores na família. Porém, um ultrassom mudou a história dela.
“A doutora tentou fazer uma transvaginal e não conseguiu. Aí quando fez a ultrassom pélvica encontrou a bebê bem próxima às minhas costas, toda alojada para a parte de trás do meu corpo. A água que estava saindo era a minha bolsa que furou, bolsa rota, aí, já me internaram, pois, eu estava com cerca de 35 semanas e 2 dias, entrando em parto a qualquer momento”, disse.
Parto
De acordo com a jovem, o médico que a atendeu cogitou tentar adiar o parto até que ela chegasse às 37 semanas de gestação. Porém, três dias após da internação, ela começou a sentir contrações e entrou em trabalho de parto.
“Passei cerca de 3 horas em trabalho de parto e tive minha bebê de parto normal, humanizado, com meu irmão mais velho como doulo”, relembra.
A criança nasceu aos oito meses, de parto normal, com 48 centímetros e pesando 2,865 quilos. Como a mãe não fez pré-natal, já que não sabia que estava grávida, a menina precisou internada na unidade, onde passou por uma bateria de exames.
A mãe, que só viu a filha durante o parto, estava internada até sábado, aguardando a alta dela e na expectativa do reencontro com menina.
“Sempre tive o sonho de ser mãe, mas infelizmente achava que não poderia, por causa dos meus problemas hormonais. A suspeita de câncer me deixou sem chão e descobrir que, na verdade, era uma filha foi um milagre”, disse a mulher.
‘Gravidez silenciosa’
De acordo com a ginecologista, Patrícia Gonçalves de Oliveira, esse tipo de situação é rara e conhecida como “gravidez silenciosa”. A médica atendeu dois casos assim. Segundo a ginecologista, é mais comum em mulheres com ciclo menstruais irregulares.
“A respeito deste tipo de gravidez que chamamos de “gravidez silenciosa” acontece, mas raramente. Esse tipo de gravidez é mais comum em mulheres que já têm ciclos menstruais irregulares que, muitas vezes, passam muito tempo sem menstruar, mas em um determinado momento ovulam, não sabem que ovularam e ocorre essa gravidez”, explicou.
A médica lembra que, durante a “gravidez silenciosa”, muitas mulheres ficam assintomáticas. “Elas passam a não sentirem nada que uma grávida sente no início da gestação. Sintomas comuns nas grávidas como enjoo, tontura, mal estar, aumento de peso. Nesses casos as pessoas são assintomáticas como estão grávidas”, afirmou.