Um juiz eleitoral do Ceará mandou retirar parte do material da “Exposição Tramas de Belo Monte”, em exibição na Casa Antônio Conselheiro, em Quixeramobim, a 203 km de Fortaleza. O juiz eleitoral Rogaciano Bezerra Leite Neto apontou propaganda eleitoral negativa contra Jair Bolsonaro, candidato na eleição presidencial.
Os curadores da exposição classificam a decisão como “censura” e vão recorrer. (Leia mais sobre o posicionamento dos artistas abaixo). Já Secretaria da Cultura, juntamente com o Instituto Dragão do Mar, informou que os curadores da exposição Tramas de Belo Monte, da Casa de Antônio Conselheiro, contam com toda a liberdade de criação e de pensamento, portanto, não houve nenhuma censura prévia ou orientação para a exposição.
A exposição traz trechos de reportagens que, segundo o juiz Rogaciano Bezerra, afetam negativamente Jair Bolsonaro. Uma das reportagens, de outubro de 2021, cita a crítica de um membro de comitê da ONU sobre a exposição que Bolsonaro fez de uma criança com uma réplica de arma nas mãos.
Ainda conforme o autor do despacho, fiscais de propaganda constataram a “verossimilhança dos fatos alegados” pela denúncia, que feita por meio do Pardal, aplicativo do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que recebe relatos de supostas irregularidades eleitorais.
No despacho, o juiz eleitoral Rogaciano Bezerra Leite Neto determinou que o responsável pela exposição “retire, no prazo de 2 (dois) dias, os cartazes que veiculam a propaganda negativa ao citado candidato, sob pena de aplicação de multa”.
De acordo com o jornalista, pesquisador e curador, Danilo Patrício, a decisão do juiz eleitoral é uma “censura contra o trabalho artístico”.
“A decisão, ao modo de censura, é diretamente sobre essa parte da Exposição, o Beco da Casa, com murais de imagens e intervenções artísticas diversas. É uma violação contra o trabalho de pesquisa e de todo o trabalho histórico”, afirmou.