A Justiça acatou pedido do Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e decretou, nesta quinta-feira (23), a prisão preventiva do delegado afastado Paulo Hernesto Pereira Tavares, com base em novas informações prestadas pela autoridade policial e representadas judicialmente pelo promotor de Justiça Ramon Brito Cavalcante, titular da Promotoria de Justiça da Comarca de Aurora. Fatos novos indicam que o investigado por crime de trânsito, ameaça e lesão corporal estava descumprindo medidas cautelares, atrapalhando as investigações e manipulando o teor das declarações e depoimentos de testemunhas.
Em 12 de novembro de 2023, no município de Aurora, por volta de 5h, Paulo Hernesto Pereira Tavares, delegado de Polícia Civil atualmente afastado de suas funções, envolveu-se em acidente de trânsito e, visivelmente alterado, agrediu fisicamente uma mulher. Um dia depois da ocorrência, o agente de segurança foi solto em audiência de custódia, sob a condição de cumprir medidas cautelares pessoais. Contudo, segundo consta nos autos, o investigado tem interferido nas investigações, assediado testemunhas e atuado para manipular o teor dos testemunhos por meio de coação.
As tentativas de manipulação das testemunhas foram constatadas em áudios de WhatsApp. No requerimento pela prisão, por exemplo, ele interferiu na lavratura de atos oficiais de condução do flagrante. Diante dos fatos, o MP estadual representou pela prisão preventiva do investigado e pela suspensão integral de todos os acessos do agente de segurança aos sistemas policiais.
Após os fatos ocorridos em 12 de novembro, o agente de segurança foi conduzido em flagrante delito pela Polícia Militar para o plantão da Delegacia Regional de Brejo Santo. O MPCE, oficiante no plantão judiciário, diante da gravidade dos fatos, representou pela prisão preventiva e pedido de cassação da fiança de R$ 6 mil anteriormente definida pelo delegado plantonista. Porém, no dia seguinte, na audiência de custódia, o investigado foi posto em liberdade.
No entendimento do MP Estadual, além do crime de trânsito, diversas pessoas foram vítimas de outros tipologias de crime. Pelo menos três pessoas (um homem, um adolescente de 16 anos e uma mulher) foram perseguidas em via pública e ameaçadas em sua integridade física ou psicológica.
Além disso, houve ameaças de morte e uma suposta tentativa de atropelamento cujo dolo ainda depende de apuração. Um vídeo mostra ainda o servidor urinando em uma viatura da Polícia Civil, em sinal de descaso com a instituição e com a Justiça. O investigado também desferiu xingamentos à mulher agredida fisicamente e a advogados das vítimas, intimidou funcionários do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (SAMU) e desacatou um tenente do RAIO.