Ainda não há confirmação sobre a origem das manchas que apareceram no litoral cearense desde 25 de janeiro. Entretanto, hipóteses que eram cogitadas já foram descartadas. Elas não têm relação, por exemplo, com o tsunami ocorrido em Tonga após erupção de vulcão marinho em 15 de janeiro, e nem com resquícios do material encontrado em várias praias do Nordeste em 2019.
As conclusões foram resultados de análises do Instituto de Ciências do Mar (Labomar/UFC) e do Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia (IGEO/UFBA), em parceria com a Universidade Estadual do Ceará (Uece) e do Ibama.
A origem das manchas está sendo investigada e três hipóteses são apontadas pelos especialistas:
- petróleo expelido do fundo do mar, em função de existência de um sistema petrolífero semelhante ao da Bacia de Sergipe, ainda não perfurado, mas localizado em águas profundas nas bacias do Ceará e Potiguar;
- acidente, fruto de perfuração em processo de exploração/produção, por Companhia Petrolífera concessionária, offshore, sendo o óleo proveniente desse sistema petrolífero;
- acidente provocado por navio em procedimento de transporte de óleo de natureza geológica das manchas encontradas.
Para as três possibilidades apresentadas, o óleo teria sido levado ao litoral cearense por meio de fenômenos do oceano.
A suposição de que as manchas poderiam ser consequência da erupção de um vulcão submarino em Tonga, que causou uma tsunami na Oceania, foi cogitada em reunião do Grupo de Articulação Interinstitucional, coordenado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema).
Contudo, pesquisadores do Labomar chegaram à conclusão de que não há evidências de variações no nível do mar da costa cearense em decorrência da erupção do vulcão. Os pesquisadores estão buscando analisar hipóteses alternativas (incluindo análise de ondas, ventos, correntes, dinâmica morfosedimentar e química do óleo)
Em relação à ligação com as manchas que se espalharam pelo Nordeste em 2019, causadas por um navio petroleiro grego, especialistas da UFBA, em parceria com a Uece e com o Ibama/CE concluíram que o material coletado nas praias cearenses nos últimos dias não corresponde ao mesmo encontrado na ocasião do desastre ambiental.
Enquanto o óleo de 2019 tinha marcadores característicos de petróleo venezuelano, o verificado na costa cearense se relaciona com amostras de petróleo originados de matéria orgânica marinha, que podem ser encontrados em algumas bacias da margem continental do Brasil.