Há exatos 40 anos, o Brasil perdia uma das maiores vozes da música popular: Clara Nunes. A morte inesperada da cantora, no auge do sucesso, causou comoção. Ela se submeteu a um procedimento para retirada de varizes. O Fantástico conversou com o médico responsável pela cirurgia que quebrou o silêncio pela primeira vez para contar o que aconteceu naquele dia.
“Ela teve uma reação absolutamente desproporcional. Nunca mais vi na vida”, explica o cirurgião vascular Antônio Vieira de Melo.
“Quando eu cheguei no hospital, ela estava brigando com o anestesista porque ele estava insistindo para não colocar tubo na garganta dela. Ela queria dormir, queria anestesia geral”, ressalta Antônio.
O médico Américo Salgueiro aplicou a anestesia geral e no fim da operação, o cirurgião vascular notou algo estranho.
“O sangue dela estava um pouco escuro. Naquela época nós não tínhamos a monitorização que nós temos hoje. Ela estava com taquicardia, frequência muita rápida, igual a uma parada cardíaca… Cheguei a fazer injeção intracardíaca de adrenalina. Ela voltou”, conta o cirurgião.
O Fantástico teve acesso à sindicância do Conselho Regional de Medicina. No documento, com 865 páginas, os profissionais que participaram da operação foram unânimes em dizer que os médicos não se ausentaram e que os equipamentos não falharam. Não houve erro médico.
A sindicância não encontrou culpados e foi arquivada. A família não denunciou o caso e não autorizou a autópsia no corpo da cantora.
Clara Nunes teve um choque anafilático, o corpo reagiu à anestesia. Formou-se um grande edema no cérebro. A cantora entrou em coma e permaneceu assim por 28 dias internada na Clínica São Vicente, no RJ.
“Estou com 58 anos de formado, nunca vi aquilo. Medicina… A gente não tem uma ciência exata igual a matemática. Cada ser humano reage de um jeito”.
O Fantástico tentou entrar em contato com o anestesista, mas o celular dele estava sempre desligado.
Na reportagem você também vai ver:
- Para celebrar a memória da Clara Nunes, o Fantástico também foi até Caetanópolis, Minas Gerais, para mostrar a casa onde ela nasceu e cresceu. O local é ponto turístico e a cidade tem um memorial.
- Amigos e artistas como Alcione ressaltaram o legado da cantora.
“Eu sabia que ela era uma pessoa que podia ser minha amiga porque ela tinha o mesmo feeling, pensamento, era uma pessoa família, uma pessoa boa…”, diz Alcione, que canta música de Clara Nunes no palco do Show da Vida.
Por: G1