Uma mulher trans relatou que sofreu transfobia em uma academia “exclusivamente feminina” no bairro Pirajá, em Juazeiro do Norte, nessa segunda (30). Jhully Carla de Sousa, de 26 anos, disse ter sido impedida de realizar a matrícula pelo proprietário do local. Um Boletim de Ocorrência foi registrado para apurar o caso.
“Fui impedida de entrar. Ele falou para a funcionária que não aceitava na sua academia pessoas como eu porque é uma academia feminina, e a empresa não tinha preparação para me receber porque as alunas não me aceitavam pela questão da minha genitália. Eu sai arrasada e chorando pela discriminação. Nunca fui impedida de algo por conta de uma genitália”, revelou Jhully Carla.
Ainda de acordo com a vítima, o dono da academia insistiu em se referir a ela com o pronome masculino. “Ele disse: ‘ele não é ela’. ‘A academia é para mulheres’. E disse que se eu fosse atrás dos meus direitos eu iria sair perdendo porque ele estava cumprindo uma lei”, afirmou.
Jhully Carla disse que procurou a academia por indicação de uma amiga e também pela proximidade de sua casa. Ela ainda argumentou que essa não é a primeira vez que o estabelecimento é acusado do crime de transfobia, e que outra mulher transexual também já passou por episódio parecido.
O estabelecimento alegou que o caso “não foi da maneira” relatada pela mulher trans. Segundo a proprietária, quem a atendeu foi uma funcionária que explicou a Jhully o público-alvo do local.
“Veio para pedir a uma informação, não chegou nos trajes de malhar. Parece que queria fazer a inscrição. A funcionária disse que era academia feminina. Não sei se a pessoa fez com má intenção”, narra.
A empresária diz ainda que “em nenhum momento” Jhully conversou com o seu esposo, proprietário da academia, que não fica na recepção de clientes, segundo disse.
“Longe de mim, preconceito não existe aqui. Até tava falando que futuramente tenho vontade de deixar todo mundo malhar [homens e mulheres] para não ter B.O mais”, finalizou.
Boletim de ocorrência
Logo após o ocorrido, a funcionária pública fez um Boletim de Ocorrência com protocolo de preconceito – conduta transfóbica.
Via: Diário do Nordeste