As mulheres foram contempladas com apenas 36% dos empregos formais gerados em 2021, no Ceará, de acordo com um estudo do Instituto de Desenvolvimento do Trabalho (IDT), realizado com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Ou seja, homens conseguiram quase oito a cada dez vagas de empregos.
Mesmo que ainda seja desigual, o balanço do ano passado registrou crescimento se comparado a 2020, quando o saldo de empregos ficou negativo para o sexo feminino. Conforme os dados do IDT, as áreas que mais contrataram mulheres em 2021 são:
- Assistente administrativo (abertura de 3.315 novos empregos)
- Vendedora de comércio varejista (2.689)
- Auxiliar de escritório (2.678).
Desigualdade cotidiana
A tripla jornada entre ser mãe, dona de casa e funcionária faz parte do cotidiano de diversas mulheres, e apesar de ser uma realidade complicada, quando a parcela profissional é negada, a realidade fica ainda mais difícil.
É o caso de Renata Silva, auxiliar de produção, que está desempregada há sete anos. “Eu sou uma chefe de família e não está sendo fácil. Nesse período da pandemia, ficou tudo muito difícil”, lamenta.
Outro obstáculo no caminho das mulheres se apresenta até quando elas conseguem emprego. A diferença salarial é outro separador da realidade entre os gêneros, e aumentou 6% em 2021 no Ceará
Para combater essas desigualdades, Vladyson Viana, presidente do IDT, avalia que políticas públicas dedicadas às mulheres precisam ser implementadas. “Nós precisamos enfrentar essa questão estrutural e ter políticas públicas que garantam a essas mulheres uma rede de proteção. Uma política pública que eu considero essencial para apoiar essas mulheres que querem exercer a profissão é, por exemplo, creches em tempo integral. Isso faz toda a diferença”, destaca o representante do órgão.
‘Eu me sinto tão competente quanto eles’
O comércio varejista foi uma das áreas que mais contratou mulher no Ceará em 2021, e foi nele que duas delas encontraram oportunidades profissionais. “Quando eu entrei para o mercado de trabalho, eu vi que tinha mais homens, mas agora está igual o número de vendedoras e vendedores”, diz Karla Alves, que trabalha em uma loja de calçados de Fortaleza.
No mesmo estabelecimento, a gerente Márcia Santos, comenta que o preconceito pode se apresentar como um desafio. “Logo quando eu cheguei, eu ouvi vários homens falando que eu deveria procurar voltar para o ramo dos cosméticos, porque aqui era mais para o perfil masculino”, lembra Márcia.