No último domingo (18), na 37ª Cúpula da União Africana e de reuniões bilaterais com chefes de Estado do continente, o presidente Luís Inácio Lula da Silva comparou a guerra na Faixa de Gaza entre Israel e o povo Palestino com o genocídio do Holocausto proferido pelo governo nazista de Adolf Hitler.
Durante pronunciamento ele afirmou: “O que está acontecendo com o povo Palestino na Faixa de Gaza não existe em nenhum outro momento histórico, aliás, existiu, quando Hitler resolveu matar os judeus.”
Em retaliação, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, reagiu à declaração do presidente do Brasil: “Não perdoaremos e não esqueceremos — em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao Presidente Lula que ele é uma ‘persona non grata’ [não é bem-vindo no território israelense] em Israel até que ele peça desculpas e se se retrate” nas redes sociais.
O discurso de Lula iniciou com uma crítica aos países ricos que negaram continuar com o financiamento da Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA). “Você deixar de ter ajuda humanitária, quem vai ajudar a reconstruir aquelas casas que foram destruídas? quem vai retribuir a vida de 30 mil pessoas que já morreram?”, afirmou o líder brasileiro. Segundo dados divulgados em matéria do O Globo no dia 26 de janeiro deste ano, os mortos na Guerra de Gaza somam 25.105, sendo que 50% das vítimas são crianças, um total de 12.345.
Segundo Katz “quero dizer aqui que as palavras ditas pelo presidente do Brasil, Lula, comparando a guerra justa do Estado de Israel contra o Hamas às ações de Hitler e dos nazistas que assassinaram e massacraram os judeus são uma vergonha e uma desgraça” e afirma que a declaração de Lula é antissemita.
Em nota para o portal O Globo, o governo brasileiro afirma: “O presidente Lula condenou desde o dia 7 de outubro os atos terroristas do Hamas. O fez diversas vezes. E se opõe a uma reação desproporcional e ao sofrimento de mulheres e crianças na Faixa de Gaza”
O presidente Lula questionou as autoridades políticas se o cenário atual não é suficiente para que eles continuem com o financiamento da UNRWA: “quem vai devolver a vida das crianças que morreram sem saber porque estavam morrendo? isso é pouco pra mexer com vocês?” Já que no fim de janeiro a Austrália, Reino Unido, Canadá, Itália, Suíça, Holanda, Alemanha e Finlândia suspenderam o financiamento.
A ação aconteceu porque em janeiro funcionários do órgão de assistência aos palestinos foram acusados de ter envolvimento no ataque do Hamas de 7 de outubro de 2023. Os conflitos territoriais entre Israel e Palestina, que já tem mais de 70 anos, foram impulsionados pelo bombardeio do ataque do Hamas, em resposta Israel anunciou o “cerco total” deixando a população palestina sem energia, alimentos e combustível. Depois do contra-ataque, Israel declarou guerra.
A Palestina está em duas áreas distintas, a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, a Faixa de Gaza é dominada pelo grupo terrorista Hamas, um grupo extremista que objetiva recuperar o território palestino. Segundo o doutor e mestre em ciência política, Guilherme Casarões, “hoje, do lado palestino, há, na prática, dois governos: o do Hamas, na Faixa de Gaza, e o do Fatah, mais moderado, por meio da Autoridade Palestina, na Cisjordânia” disse o doutor em entrevista para o G1.