A Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos (Funceme) lança, nesta quarta-feira (20), um novo produto científico que passa a prever ondas no Estado. Ela vai mostrar as áreas do Ceará onde são previstas os maiores picos de temperatura.
O produto de previsão de onda de calor, que ainda está em processo de operacionalização, é baseado nos valores de Temperatura Máxima do Ar.
A Funceme explica que serão mostradas áreas com valores acima da média climatológica por um período mínimo de 3 a 5 dias. Após identificar as áreas, é realizada a média da temperatura máxima para cada dia de previsão sobre o Estado do Ceará, esta que será definida como Parâmetro de Intensidade Diário (PID).
A previsão da onda de calor é realizada diariamente por meio do modelo Global Forecast System (GFS), sendo válida por 6 dias.
Uma análise feita pela Funceme já pelo novo produto mostra que para os próximos 3 dias há uma tendência de aumento das temperaturas máximas no Ceará, especialmente, na parte oeste do Estado.
Cenário atual
Nos últimos dias, devido a formação de uma extensa área de alta pressão cobrindo o Brasil, uma onda de calor foi prevista, principalmente, para as regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, impactando no aumento das temperaturas máximas,
A Funceme explica que essa área de pressão mais elevada ocorre nos altos níveis da atmosfera e provoca um movimento descendente do ar (subsidência) causando uma compressão da coluna atmosférica, consequentemente, aquecendo o ar.
A tendência é que essa área de alta pressão permaneça pelos próximos dias, assim, proporcionando valores mais extremos.
Ceará
Vale lembrar que, no Ceará, principalmente nos meses de setembro, outubro e novembro (período chamdo de Br-O-Bró), as temperaturas máximas, registradas são historicamente mais altas, sendo estas concentradas pela tarde.
As características desse período são de menos nuvens, tornando a incidência da radiação solar mais direta, com maiores picos de temperatura em outubro.
De acordo com os dados, entre os dias 1 e 18 de setembro de 2023, a temperatura máxima média no Estado ficou variando entre 30º e 39º, de 2 a 5 graus acima dos valores climatológicos do período na macrorregião do Sertão Central e Inhamuns e, principalmente, na região do Maciço de Baturité.
Sobre o El Niño e seus impactos
O aquecimento das águas do oceano Pacífico, que prevalece há alguns meses e caracteriza o fenômeno El Niño, pode estar contribuindo para a temperatura mais elevada do ar.
Essas áreas de águas mais quentes no oceano Pacífico, geram grande liberação de energia para atmosfera de todo o planeta, colaborando também, para os extremos de temperatura do ar.
No Ceará, o impacto do El Niño está mais relacionado a diminuição dos acumulados de precipitação durante a estação chuvosa, devido à subsidência do ar sobre o Nordeste prejudica o desenvolvimento das nuvens de chuva e até mesmo a formação de nebulosidade.
Porém, adicionalmente, a presença dessas águas mais quentes, impacta a temperatura em todo o globo, como já explicado, e também, pode contribuir para aumentar a temperatura do ar aqui no Estado.
Institutos de pesquisa que estudam o aquecimento global, causada pela emissão de gases de efeito estufa, já tem relacionado as mudanças climáticas decorrentes do aumento da ocorrência de eventos climáticos extremos, seja de chuvas em excesso, secas recorrentes, ou mesmo, essas elevadas temperaturas.