O número de trabalhadores autônomos bateu recorde agora no início do ano, e a renda deles caiu.
Trabalhar por conta própria vem sendo a alternativa para muita gente que perdeu o emprego e não conseguiu se recolocar. Mas grande parte dessa mão-de-obra ainda está na informalidade. A cada quatro brasileiros que trabalham por conta própria, apenas um tem o negócio cadastrado na Receita Federal — o CNPJ.
O contingente desses trabalhadores no país passou de 25 milhões. Para o trimestre de fevereiro até abril, é o maior número da série histórica do IBGE, que começou há dez anos.
Em média, o rendimento de um trabalhador por conta própria é de R$ 2.021 por mês — é 3% menos do que no mesmo período do ano passado. E o menor rendimento dos últimos cinco anos.
Segundo o IBGE, a inflação vem provocando queda na renda.
“Você tem um contingente maior de trabalhadores, porém trabalhadores com menores rendimentos. E isso somando-se a isso o próprio processo inflacionário contribuindo para perda em termos reais desse rendimento”, explica Adriana Beringuy, coordenadora de pesquisas por amostra de domicílios do IBGE.
O economista Renan Pieri afirma que o aumento do trabalho por conta própria é um sintoma da falta de fôlego da economia.
“Usualmente, num processo de recuperação do mercado de trabalho, ele se inicia gerando vagas informais. Isso é um problema. A gente sabe que os empregos formais são de melhor qualidade, protegem mais o trabalhador. A gente voltou para aquele processo de crescimento lento do mercado de trabalho. Enquanto o país continuar crescendo a uma taxa muito baixa é bastante improvável que as pessoas possam contar com o emprego tradicional, com carteira assinada, trabalhando com uma empresa”, destaca Pieri.
Fonte: G1