A Ucrânia teve “milhares” de mortos a mais do que os números oficiais contabilizam hoje, disse nesta terça-feira (10) a chefe da missão de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas no país, Matilda Bogner.
Em 76 dias de conflito, o governo ucraniano contabiliza oficialmente 3.381 mortos. A ONU, que enviou uma comissão ao país para apurar os danos da guerra, está fazendo um levantamento mais amplo desse número.
“Estamos trabalhando nas estimativas, mas de momento já posso dizer que (o número de mortes) é de milhares a mais que o número que passamos atualmente”, afirmou Bogner.
Ela ponderou, no entanto, que mesmo a nova contagem já pode estar defasada por conta da situação em Mariupol, cidade no sul da Ucrânia que a Rússia afirma ter conquistado.
Desde o início da guerra, tropas russas cercaram Mariupol, um dos principais focos de interesse de Moscou na Ucrânia, por conta de sua posição considerada estratégica para o Kremlin. A cidade portuária, que tem saída para o mar de Azov, fica posicionada entre a fronteira com a Rússia e a península da Crimeia, região ucraniana anexada por Moscou em 2014.
“O grande buraco negro é realmente Mariupol, onde tem sido difícil acessar e ter informações totalmente comprovadas”, disse Bogner.
Civis em Mariupol
Também nesta terça-feira (10), o governo da Ucrânia afirmou que ao menos cem civis seguem dentro do complexo metalúrgico de Azovstal, o último reduto de Mariupol ainda controlado pelas tropas ucranianas.
A ONU vem tirando civis do local, que, segundo Kiev, está sendo alvo de ataques por tropas russas, embora o presidente russo, Vladimir Putin, tenha afirmado que seus soldados não atacariam Azovstal.