“Ele é seu. E de todos os cearenses”, afirmou o diretor do Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, localizado no município de Santana do Cariri, Allyson Pinheiro, para o jovem Bernardo Rodrigues, 9. Entusiasta dos dinossauros, o estudante presenciou, nesta quarta-feira (14), a apresentação do fóssil Ubirajara jubatus por parte do Governo do Ceará para a população. A solenidade, comandada pelo governador Elmano de Freitas, também contou com a presença da titular da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior do Ceará (Secitece), Sandra Monteiro; do vice-reitor da Universidade Regional do Cariri (Urca), Carlos Kleber; do secretário de Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Social do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Inácio Arruda; do prefeito de Santana do Cariri, Samuel Werton; entre outras autoridades.
Repatriado oficialmente ao Brasil na última segunda-feira (12), o fóssil Ubirajara jubatus foi levado para a Alemanha ilegalmente há quase 30 anos. Ele é a primeira espécie não-aviária de dinossauro encontrada com material semelhante a penas preservado na América Latina, sendo considerada um marco na Paleontologia.
Elmano de Freitas comemorou o retorno do patrimônio cearense, enfatizando a importância da sua presença no Ceará. “Quero agradecer ao apoio do Governo Federal, de todos que fazem a Urca, a Paleontologia. A todos que se movimentaram para que pudéssemos ter novamente o fóssil em nosso estado. O local desse fóssil é onde ele viveu, no Cariri Cearense”, disse o governador.
Sandra Monteiro exaltou a chegada do fóssil ao Ceará, afirmando ser um marco para a comunidade científica local, nacional e internacional. “Hoje vivemos um momento ímpar, algo único para toda a comunidade científica que está atenta, não só aqui, mas em todo o país e também internacionalmente. É um dia de bastante alegria para nós”, pontuou.
Primeiro encontro
Presente na solenidade, o jovem Bernardo Rodrigues não escondeu a alegria em encontrar um fóssil pela primeira vez. “Desde meus 4 anos já me interesso pelo assunto. Meu irmão tinha alguns livros sobre dinossauros e então comecei a gostar”, contou.
O estudante já sabe qual carreira seguir no futuro: paleo-desenhista. “Quero estudar cada vez mais os dinossauros, conhecer a anatomia deles. Estou bem feliz de estar aqui hoje. É bastante legal ter essa experiência”, comentou.
Agora, Ubirajara jubatus será levado para o Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens, onde será exposto por um breve período para depois ser entregue para estudos científicos. “Quero ir ao museu, no Cariri, para conhecer mais fósseis”, completou Bernardo.
Próximos passos
Allyson Pinheiro garante que o retorno do fóssil ao Cariri será de fundamental importância para o setor turístico. “Já percebemos que teremos um incremento dentro do padrão de visitação do museu. Temos aqui um potencial único para atrair turistas. É algo da identidade da nossa região”, observou.
Carlos Kleber reforça a simbologia que é poder recuperar uma riqueza genuinamente cearense, também abordando os impactos econômicos e científicos relacionados à volta do fóssil. “O Ubirajara é uma riqueza do nosso material paleontológico, da nossa cultura, que volta para o seu lugar e agora estará à disposição da comunidade, da região do Cariri, de todo o estado do Ceará. Temos a certeza que receberemos cada vez mais visitantes, a cada ano, para observar esse tipo de riqueza única presente em nosso estado”, analisou.
Relíquia
Ubirajara jubatus foi um dinossauro datado do período Cretáceo, que viveu há cerca de 110 milhões de anos. Há pelo menos 17 anos a relíquia compunha o acervo do Museu de História Natural de Karlsruhe, na Alemanha. Em 2020, um grupo de pesquisadores alemães publicou um artigo científico no periódico Cretaceus Research com detalhes sobre o fóssil, sua origem e nomeando o mesmo. Essa ação levou à mobilização da comunidade científica brasileira e internacional para a retirada do artigo de circulação e devolução do patrimônio à sua terra de origem.