Uma pesquisa inédita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revela como criminosos pagam por anúncios falsos nas redes sociais, com a intenção de aplicar golpes, e conseguem impulsionar o alcance a vítimas em potencial.
A regulamentação das redes sociais será tema de uma votação no Congresso, prevista para esta semana.
Usuários com nomes falsos. Contas criadas com um único propósito: aplicar golpes.
A letra k é do perfil de uma certa Karen Souza no Facebook. Criada em 8 de março, não tem fotos nem publicações, mas pagou à rede social para veicular e impulsionar um vídeo. É assim que funciona a publicidade na internet. O problema é que nesse caso a peça foi toda montada com Fake news.
Segundo a pesquisadora Marie Santini, do Laboratório de Estudos de Internet e Mídias Sociais da UFRJ, a Karen Souza do perfil não existe na vida real. É o chamado perfil inautêntico.
“Eles disfarçaram de personagens que não existem para enganar o consumidor e levar ele ao golpe financeiro. Os anunciantes normalmente procuram perfis que são alvos, que eles escolhem para receber os anúncios que eles estão veiculando. Desde idade, geolocalização, os principais interesses, os hábitos de consumo dentro da internet. Então há uma indústria sim, muitas pessoas ganhando dinheiro com essas fraudes, esses golpes”, destaca.
Mas quem são os donos desses perfis?
“A gente não consegue ver o verdadeiro criminoso por trás dessas páginas. Só a plataforma tem acesso a esses dados”, completa.
A pesquisa foi feita com base em dados disponibilizados pelo próprio Facebook. Foram identificados dez perfis, que desde janeiro compraram 88 anúncios para impulsionar o mesmo vídeo. O anúncio direciona as vítimas para oito sites, onde acontece o golpe envolvendo pagamentos via PIX e o roubo de dados dos usuários.
Em nota, a Meta, dona do Facebook, disse que não permite atividades fraudulentas, e que é preciso um debate amplo para garantir uma lei que melhore, e não piore a internet.
E em uma carta aberta, o Google disse que trabalha diariamente para enfrentar essas questões, mas que o projeto de lei pode trazer riscos à segurança dos usuários, e merece mais espaço de discussão e debate.
Por: G1