A descoberta de uma nova espécie de jiboia na Mata Atlântica brasilera foi divulgada na tarde desta quarta-feira, 17 de abril, no periódico científico PLOS ONE, fruto das teses de doutorado do pesquisador e curador das coleções de Herpetologia do Museu de História Natural do Ceará Professor Dias da Rocha (MHNCE), equipamento da Uece na cidade de Pacoti, Rodrigo Castellari Gonzalez, e da pesquisadora do Instituto Butantan, Lorena Corina Bezerra.
Rodrigo explica que, embora essa nova espécie de jiboia, a Boa atlantica, já fosse reconhecida pela comunidade científica e pela população em geral desde o século XVII, ela era anteriormente classificada e reconhecida como a jiboia comum (Boa constrictor). A pesquisa, no entanto, revelou características morfológicas e genéticas distintas entre as espécies. E foi além: evidenciou que essa espécie é endêmica da Mata Atlântica e ocorre entre os estados do Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte.
Durante seu doutorado, Rodrigo visitou mais de 50 museus em quatro países e analisou mais de mil espécimes de jiboias, o que levou à suspeita da existência de novas espécies. Ele observou um padrão de coloração único e uma distribuição geográfica específica nas jiboias da Mata Atlântica.
Paralelamente, a pesquisadora do Instituto Butantan, Lorena Bezerra, investigou o aspecto genético dessas serpentes em seu próprio doutorado e corroborou as descobertas morfológicas apontadas por Rodrigo.
A Boa atlantica recebeu seu nome em homenagem ao hábitat em que é encontrada. A Mata Atlântica, lar de grande diversidade de espécies, enfrenta sérios desafios devido à degradação ambiental, o que também coloca em risco a sobrevivência dessa nova espécie de jiboia.
O trabalho teve orientação de Paulo Passos, professor Associado e Curador das Coleções de Répteis do Museu Nacional, e da pesquisadora do Butantan, Maria José J. Silva.