Prematuros com uma condição no coração estão se beneficiando de um tratamento que começou a ser feito recentemente no Brasil: o cateterismo.
O casal Bianca e Rodrigo descobriram que as gêmeas que esperavam tinham problemas que só poderiam ser resolvidos com cirurgia: Alice tinha uma cardiopatia e Helena foi diagnosticada com PCA, que é persistência do canal arterial.
Antes do nascimento, o feto recebe oxigênio através do cordão umbilical e os pulmões permanecem fechados. O canal arterial fica no coração e ajuda a garantir que o sangue circule por todo o corpinho do feto. Ele conecta a artéria pulmonar, que leva sangue aos pulmões, à aorta, que leva sangue ao resto do corpo.
O canal arterial é fundamental para os fetos. Mas depois que o bebê nasce, os pulmões se expandem e o canal normalmente se fecha sozinho. Só que às vezes, especialmente em prematuros, isso não acontece. Por isso o nome: persistência do canal arterial. Nesses casos, os pulmões continuam recebendo sangue através do canal e podem ficar sobrecarregados.
Existem medicamentos que induzem o fechamento do canal, mas como a helena não tinha um sistema digestivo funcional, ela não podia tomar os remédios. A única solução era fechar o canal artificialmente.
Antigamente, isso era feito por meio de uma cirurgia. Nos últimos anos, os médicos começaram a adotar um procedimento menos invasivo: o cateterismo.
Funciona assim: um cateter, um tubo fino e flexível, é inserido na virilha e viaja até o coração, e uma pequena prótese é colocada para fechar o canal.
No Brasil, o primeiro cateterismo em um prematuro só foi feito em 2019 pela doutora Juliana Neves:
“Era um procedimento que, apesar de ser estabelecido em crianças maiores, em bebês muito pequenos ainda não estava em uso ou sendo feito no brasil”, conta a médica.
A primeira prótese específica para prematuros só foi aprovada pela Anvisa em 2020. E a Helena foi a primeira criança com menos de um quilo a recebê-la. A cirurgia foi feita quando ela tinha apenas dez dias de vida e pesava 980 gramas.
“O meu bebê foi o primeiro, mas virão outros e deu certo. Vai ajudar outras pessoas”, diz a mãe das gêmeas, Bianca.
Vinte e três prematuros em várias regiões do Brasil já passaram pelo procedimento, sem nenhuma complicação.