A explosão de casos de Covid-19 causada pela Ômicron junto à epidemia de influenza trouxe um novo cenário de atenção para a pandemia neste início de ano. Com a rápida multiplicação da infecção causada pela nova variante, o crescimento de casos também refletiu no aumento de óbitos, os quais quase metade dos números absolutos estão localizados em Fortaleza.
Entre 1º de janeiro e 16 de fevereiro, o Ceará registrou cerca de 1.079 óbitos por Covid, e 511 estão concentrados na capital cearense. Este dado representa 47.3% de todas as mortes ocasionadas pela infecção este ano. Juntos, os outros 183 municípios restantes somam 568 vítimas fatais.
De 1º de janeiro a 16 de fevereiro deste ano, Fortaleza acumulou quase 50% dos óbitos por Covid registrados nos 184 municípios cearenses
De acordo com números retirados da plataforma digital o IntegraSUS,, gerida pela Secretaria de Saúde do Ceará (Sesa), durante igual intervalo de tempo do ano passado, o número de mortes pela doença foi menor, contabilizando 463.
Para a virologista, epidemiologista e professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará (UFC), Caroline Gurgel, a capital continua concentrando a maior parte dos óbitos de Covid porque também tem uma população bem maior, onde a dinâmica da cidade permite uma contaminação mais expressiva do que em municípios menores.
“Estamos no terceiro ano de pandemia, mas a característica não mudou. Você continua tendo vulneráveis, mesmo que as três doses da vacina reduzam a probabilidade de óbito, ela não anula. Então temos uma quantidade muito grande de suscetíveis [pessoas com fatores de risco acumulados] e por isso vai continuar existindo óbitos”, explica a epidemiologista.
Em boletim epidemiológico divulgado no último dia 15, a Secretaria de Saúde de Fortaleza afirma que “a introdução de uma variante altamente transmissível, mesmo em tese menos agressiva, causou casos graves” e destaca que os principais afetados foram “indivíduos não vacinados e naqueles mais idosos com comorbidades e sem a dose de reforço, provocando aumento importante da mortalidade”.
Os dias 1º e 2 de janeiro, que fazem parte da 52ª semana de 2020, somaram seis mortes por Covid. Já na sétima semana do ano, ainda incompleta (dias 14, 15 e 16 de fevereiro), foram contabilizados 7 óbitos doença pandêmica.
Apesar de Fortaleza ter os maiores números absolutos, tanto de infecções quanto de óbitos, a virologista enfatiza que não devemos deixar de dar atenção a municípios pequenos do interior.
“Na maioria das vezes, a gente consegue perceber a magnitude da mortalidade em municípios pequenos, já que Fortaleza tem muita gente e esse óbitos acabam ficando diluídos em nossa população”, pontua.
Mudança de cenário
No mesmo boletim epidemiológico citado anteriormente, a SMS ressaltou que no primeiro mês deste ano, a média de mortes diárias em Fortaleza, ocasionadas por Covid, passou de “menos de um (1) óbito por dia em dezembro, para aproximadamente doze (12) mortes a cada 24 horas”. No entanto a mudança de cenário, com a redução de casos, já podia ser observada para fevereiro.
“A curva da Ômicron tem um pico muito alto e uma base muito estreita, onde a base significa o tempo, ou seja algo que vem infecta uma quantidade enorme de pessoas e cai de uma vez. No entanto, não é hora de relaxar, porque já temos conhecimento da sub variante da ômicron, a BA.2”, alerta Caroline Gurgel.
A sub variante BA.2, segundo a virologista, é “mais transmissível e mais virulenta” ou seja, tem uma maior capacidade de causar casos graves, que são os que evoluem para óbito. Ainda sobre a possibilidade de um novo repique de casos, Caroline observa que, neste momento, é possível um novo aumento, mas não pela ômicron, mas dessa vez por sua sub variante, ou uma nova variante, já que um novo período de festas se aproxima, o Carnaval.
Então é hora de refletirmos quanto à movimentação, das festas principalmente, que é onde as pessoas removem suas máscaras, se beijam, tem diversos tipos de contatos mais próximos e é isso que a variante precisa para um novo aumento expressivo.
CAROLINE GURGEL
Virologista
Para conter um novo repique, a especialista recomenda continuar com as precauções como uso de máscaras, higienização com álcool em gel, e a vacinação, que apesar do bom índice no Estado, ainda é preciso vacinar cerca de 997 mil pessoas, com faixa etária acima de 5 anos, com a primeira dose do imunizante até o momento.
Nas últimas 24hrs, em Fortaleza 856 pessoas receberam a 1ª dose da vacina contra Covid-19, 648 receberam a 2ª dose e 2.874 a 3ª dose, ou dose de reforço. Os números são do Vacinômetro de Fortaleza, administrado pela SMS, atualizado às 14h43 desta sexta-feira (18).
Fonte: Diário do Nordeste
Foto: Fabiane de Paula