“Bom dia, presidente Lula”. A saudação que ecoou por 580 dias em frente à superintendência da Polícia Federal do Paraná, onde o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou preso, tinha entre as vozes fiéis ao petista a de Rosângela da Silva, 56 anos.
Janja, como seus amigos a apelidaram, nasceu em União da Vitória, no Paraná, em 1966, e se mudou para Curitiba ainda na infância. Com a vitória de Lula sobre Jair Bolsonaro (PL) nas eleições deste domingo (30), Janja será a nova primeira-dama do país a partir de 1º de janeiro de 2023.
O resultado da eleição foi confirmado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) às 19h57, quando 98,81% das urnas já tinham sido apuradas. Àquela altura, Lula tinha 50,83% dos votos válidos e não poderia mais ser alcançado por Bolsonaro, que contabilizava os outros 49,17% de votos válidos.
A apuração chegou a 100% nas primeiras horas da madrugada de segunda (31). Lula foi eleito com 60.345.999 votos (50,9% do total de votos válidos), 2,1 milhões a mais que os 58.206.354 votos de Bolsonaro (49,1% dos válidos). A diferença percentual a favor de Lula é a menor de um presidente eleito desde 1989.
“Petista de carteirinha’”, como gosta de se apresentar nas redes sociais, Janja filiou-se ao PT aos 17 anos. Depois, formou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e se especializou em História.
Com MBA em gestão social e sustentabilidade, ela atuou como coordenadora de programas voltados ao desenvolvimento sustentável na hidrelétrica de Itaipu, onde ingressou em 2005.
A socióloga também passou pela Eletrobras entre 2012 e 2016. Na estatal, foi assessora de comunicação e relações institucionais. Ela voltou a Itaipu em 2016 e se desligou definitivamente da hidrelétrica em 2020.
JANJA E LULA
Janja participou das vigílias em Curitiba no período em que Lula esteve preso na superintendência da Polícia Federal do Paraná, mas conhece o petista desde as caravanas da cidadania, na década de 1990. As excursões percorreram 359 cidades com o objetivo de ouvir os anseios das comunidades a articular projetos de desenvolvimento para essas regiões.
Como contou o presidente em entrevista a um podcast, enquanto esteve na cadeia, Janja mandava “comidinha” pra ele todas as noites, além de fazer visitas e enviar cartas.
O relacionamento dos dois veio à tona em 2019, depois de uma visita do ex-ministro da Fazenda Luiz Carlos Bresser Pereira ao petista. Por uma rede social, ele revelou que Lula estava apaixonado e que seu primeiro projeto ao sair da prisão era se casar.
No dia em que foi colocado em liberdade pela Justiça, Janja estava ao lado do petista no seu primeiro discurso após quase dois anos preso, segurando uma faixa que dizia “Lula é inocente”.
Os dois vivem juntos desde que o presidente foi solto, em novembro de 2019. Se casaram em maio de 2022, em São Paulo.
CAMPANHA
Janja apresentou a nova versão do jingle “Lula Lá” durante o lançamento da pré-campanha do petista à Presidência da República, em maio deste ano, e participou dos comícios ao longo da campanha ao lado de figuras históricas do PT.
A socióloga também fez a “ponte” da candidatura de Lula com a classe artística. Na segunda-feira (26), ela organizou um evento em São Paulo, considerado pela coordenação da campanha o “último grande ato” antes do primeiro turno das eleições.
Entre os presentes estavam Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Pabllo Vittar, Paulo Miklos, Daniela Mercury, Paulo Vieira, Emicida, Margareth Menezes, Duda Beat, Walter Casagrande, Djamila Ribeiro, Itamar Vieira Júnior, Lilia Schwarcz, Silvio Almeida, Johnny Hooker, Fabiana Cozza, Vladimir Brichta, Júlia Lemmertz e Claudia Abreu.
Nomes internacionais também fizeram parte do ato. Os atores Mark Ruffalo e Danny Glover e o cantor Roger Waters gravaram vídeos em apoio ao ex-presidente.
Fonte: G1