Em reunião extraordinária da Comissão Intergestores Bipartite (CIB-CE) realizada na tarde desta quarta-feira (13), a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa) e gestores municipais da Saúde pactuaram a antecipação da aplicação das vacinas contra influenza e sarampo em crianças a partir de seis meses e menores de cinco anos de idade. A vacinação neste público será iniciada até a próxima quarta-feira (20) nos 184 municípios cearenses que já estão com insumos, estrutura e profissionais aptos a operacionalizar esta logística.
A decisão foi tomada considerando dois fatores principais: os riscos da volta da circulação do sarampo no Brasil e a sazonalidade do período chuvoso no Estado, que tem ocasionado um crescimento no número de atendimentos pediátricos por síndromes gripais nas unidades de saúde do Ceará, principalmente na Região Metropolitana de Fortaleza e no Cariri. “É uma faixa etária bastante vulnerável à mudança do tempo e temos observado chuvas intensas no Estado neste ano. Por isso, nosso objetivo é não esperar o começo de maio e já começar a vacinar essas crianças”, argumenta a secretária executiva de Vigilância e Regulação da Sesa, Ricristhi Gonçalves.
Concomitante à aplicação dos imunobiológicos contra a influenza, as crianças receberão doses contra o sarampo. “Há uma grande mobilização federal e estadual para que qualquer criança seja vacinada, mesmo aquelas que estão com o cartão de vacinação em dia”, orienta Gonçalves. “O Brasil registra baixas coberturas vacinais nos últimos anos e perdeu a certificação de país livre de sarampo”, complementa.
A campanha de vacinação contra sarampo e influenza foi iniciada no último dia 4 e segue até o dia 3 de junho. Profissionais da Saúde já estão recebendo as doses para ambas as doenças e pessoas a partir de 60 anos, para a gripe.
A Sesa enviou ofício ao Ministério da Saúde (MS) nesta semana para comunicar a decisão de antecipar a vacinação nas crianças. O Ceará tem 540.618 pessoas com idades entre seis meses e 4 anos, 11 meses e 29 dias, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Leitos pediátricos
A Sesa atua, ainda, em outras frentes para barrar o avanço das síndromes gripais, readequando os leitos pediátricos da rede estadual e dando suporte aos municípios para criarem mais vagas neste perfil. “Estamos acionando hospitais de suporte para leitos de UTIs [Unidades de Terapia Intensiva] pediátricas, como o Sopai (Hospital Infantil Filantrópico) e o Hospital Geral Dr. Waldemar Alcântara, pois alguns desses pacientes evoluem para SRAG (síndromes respiratórias agudas graves). Também de acordo com a demanda, estamos disponibilizando leitos de enfermaria para dar suporte à atenção primária e secundária”, adianta a secretária executiva de Atenção à Saúde e Desenvolvimento Regional, Tânia Mara Coelho.
Maior amostragem
O Laboratório Central de Saúde Pública do Ceará (Lacen), vinculado à Sesa, também reforça as ações para conter o avanço das síndromes gripais no público infantil. De forma articulada com as unidades sentinelas (aquelas que enviam amostras e informações para a Vigilância montar o painel viral do Estado), está sendo dobrada a quantidade de exames coletados e encaminhados para fortalecer o monitoramento da influenza no Ceará.
O Lacen manterá o funcionamento em todos os dias do feriado da Semana Santa de 2022, recebendo as amostras, analisando e fornecendo diagnósticos para a rede de vigilância estadual. A Sesa busca, ainda, treinar profissionais e aperfeiçoar processos de unidades da Região Metropolitana de Fortaleza e do Cariri para torná-las sentinelas no período de 60 dias, potencializando o rastreamento e o monitoramento dos casos infantis de gripe.
Sarampo em investigação
Por meio da Célula de Vigilância Epidemiológica (Cevep), a pasta tem monitorado o cenário de transmissão do sarampo em todo o Estado. Seis casos estão sob investigação, aguardando resultados da primeira ou da segunda coleta dos exames. No acumulado de 2022, foram contabilizadas 18 notificações suspeitas; destas, 12 já foram descartadas.
Quando há registro de caso suspeito ou confirmado, um protocolo é realizado, em até 72h, que inclui o monitoramento de familiares e pessoas que tiveram algum contato com o paciente, além da vacinação de bloqueio aos que não apresentarem sintomas, a fim de interromper a disseminação do vírus.
Após o Brasil perder a certificação de país livre do sarampo, em 2018, o Ceará voltou a registrar casos da doença. Foram 19 confirmações em 2019, sete em 2020 e outras três em todo o ano passado.
Manifesto
Na terça-feira (12), a Secretaria Executiva de Vigilância e Regulação em Saúde (Sevir) da Sesa participou de uma ação integrada para reforçar a importância da vacinação contra o sarampo para evitar possíveis surtos, tendo em vista o prejuízo no desenvolvimento e na saúde integral das crianças, o desgaste físico e psicológico dos trabalhadores da Saúde, além de ações de conscientização com o intuito de reduzir as fake news e os movimentos antivacinas.
Além da Sesa, o manifesto foi assinado pela Sociedade Brasileira de Imunização – regional Ceará (SBIm), pela Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), pelo Conselho das Secretarias Municipais de Saúde do Ceará (Cosems-CE) e pelo Comitê Técnico Assessor de Imunização do Estado (CTAI).