A solenidade que marca o início do processo de beatificação de padre Cícero Romão Batista ocorre nesta quarta-feira (30) em Juazeiro do Norte, a 471 km de Fortaleza. O processo de beatificação na igreja católica foi autorizado pelo Vaticano em agosto.
A celebração ao processo que pode tornar Cícero Romão Batista beato e santo tem início no fim da tarde no Santuário Nossa Senhora das Dores. Conforme o reitor da Basílica de Nossa Senhora das Dores, padre Cícero José, haverá a apresentação das equipes que ficarão responsáveis por recolher todo o material necessário para a beatificação, como as provas de que o santo popular realizou milagres.
“O nosso bispo, dom Magnos Henrique, irá apresentar as equipes, aqueles que ficarão responsáveis por colher as informações de todo o material necessário a ser enviado para Roma”, afirmou.
Cícero José reforça que essa equipe servirá como um elo entre a Diocese e Roma.
“Esse postulador irá fazer essa intermediação entre Roma e a nossa Diocese. Acompanhado com todo esse material sobre a vida, os escritos, a vida de doação de padre Cícero Romão, as suas virtudes, onde ele procurou seguiu o evangelho, recolhendo esse material. Como também um milagre, uma graça alcançada, comprovado cientificamente para que seja apresentando ao Vaticano no futuro não muito distante. Esperamos que o padre Cícero seja levado a honra dos altares pois o mesmo já é canonizado no coração do nosso povo.”
Em 2015, o Vaticano atendeu ao pedido do bispo dom Fernando Panico e reconciliou o padre Cícero Romão Batista com a igreja católica. Com a reconciliação, não havia mais impeditivos para a abertura do processo de beatificação do “santo popular”.
PEDIDO DE BEATIFICAÇÃO
O pedido para a autorização da beatificação de padre Cícero foi solicitado por Dom Magnus Henrique Lopes , por meio de uma carta entregue ao papa Francisco durante a visita ao Vaticano, em maio deste ano.
“Recorremos a vossa solicitude de pastor universal da santa igreja para pedir especial clemência para com este sacerdote católico, amado, exonerado. Esperamos que Vossa Santidade, na hora oportuna, examine, com o coração de pai e como sucessor de Pedro, este pedido ora formulado, cuja resposta é um anseio nosso e dos milhões de devotos do padre Cícero”, diz um trecho da carta entregue por Dom Magnus ao papa Francisco.
Padre Cícero morreu em 1934 rompido com o Vaticano por envolvimento com a política e pelo polêmico “milagre da hóstia”. Segundo a crença popular, uma hóstia dada pelo padre virou sangue na boca de uma beata. Para os devotos de padre Cícero, trata-se de um milagre, mas a igreja Católica considerou o caso uma interpretação equivocada. Por conta dos “equívocos”, ele foi afastado da igreja católica.
Para concluir a beatificação, o Vaticano faz inicialmente um levantamento da biografia do candidato para verificar se há algum fator na biografia que possa impedir o processo. Se nada for encontrado, a igreja emite o Nihil Obstat (nenhum impeditivo), um documento formal, redigido em latim e dirigido ao bispo indicando que o pode haver continuidade do processo.
“É a partir deste documento que o candidato à santidade passa a ser chamado Servo de Deus e tem a investigação livre para desenrolar-se até o fechamento do processo”, explica o advogado e especialista em Direito Canônico José Luís Lira.
Em seguida, será constituído um tribunal eclesiástico diocesano que vai aferir as qualidades, as virtudes e constatar toda a vida do Servo de Deus.
Após a conclusão da fase diocesana, os documentos são encaminhados para o Vaticano, onde inicia-se a fase romana. O Vaticano avalia relatos de milagres, graças e atos que possam dar status de beato a Padre Cícero.
“Uma vez constatada, ele é automaticamente declarado como ‘venerável’. Se houver um milagre consistente, nos modos que a Santa Sé exige, com laudos médicos e toda documentação cabível, é iniciada a fase de beatificação. Aprovado o milagre, o papa autoriza a beatificação. Depois de se tornar beato, é necessário outro milagre para a canonização”, conta Luís.